A Suécia dos lagos e florestas quer recuperar seu status no futebol

Após ficar fora da última copa, o país que tem quase 70% da área coberta por árvores e milhares de lagos busca resgatar os dias de glória no esporte

Fonte: Per Pixel Petersson/imagebank.sweden.se

A economia aberta e competitiva da Suécia elevou o padrão de vida da sua população a um patamar invejável, com a combinação de capitalismo de livre mercado e amplos benefícios sociais. Embora integre a União Europeia, o país permanece fora da Zona do Euro, em grande parte por preocupação de que, ao aderir ao sistema monetário do bloco, diminua sua autoridade sobre o sistema de bem-estar social.  

A Suécia depende fortemente do comércio exterior. Exportações de máquinas, motores, veículos motorizados e equipamentos de telecomunicação representam mais de 44% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Enquanto isso, a agricultura e a pecuária possuem um papel secundário na formação de renda, produzindo apenas 1,6% do PIB local.

Cerca de 7,5% do território sueco é destinado a atividades agropecuárias, e as principais culturas produzidas são cevada, trigo, beterraba sacarina (para produção de açúcar), carne e leite. Nenhum desses produtos está na base de exportação do país. Já a pesca tem alguma representatividade para a Suécia, que fornece peixes principalmente para outros membros da União Europeia – Polônia e França estão entre os principais clientes. Somente 2% da população trabalha com agro, enquanto 12% dedicam suas atividades à indústria e 86% a outros serviços.

Perto de 10 milhões de pessoas vivem na Suécia e, dessas, apenas 12,6% residem em áreas rurais, enquanto os outros 87,4% concentra-se em áreas urbanas. A maioria dos suecos vive no Sul, onde o clima é mais ameno e há melhor conectividade com a Europa continental. Vale mencionar a vasta extensão do território ocupada por florestas, que toma conta de 68,7% da área total do país. Outra característica marcante da geografia sueca é a quantidade de lagos que abriga: são quase 100 mil, sendo o maior deles o lago Veber, com 5.650 km².

Típica casa de fazenda da região de Skåne (ou Escânia), no extremo sul da Suécia;
foto: Conny Fridh/imagebank.sweden.se 

O Brasil não importa importa quase nada do agro sueco. A maior parte das compras, que somaram cerca de US$ 1 bilhão no ano passado, é representada por peças para máquinas agrícolas e veículos. Café não torrado, café descafeinado em grão e carne bovina são os produtos agropecuários brasileiros mais enviados para o país do norte da Europa. Em 2017, a venda do café à Suécia rendeu cerca de US$ 100 milhões aos cofres brasileiros, e a comercialização de carnes lucrou mais de US$ 22 milhões. Apesar desses valores, o Brasil não se encontra entre os principais parceiros comerciais dos suecos, que são a Alemanha e os vizinhos escandinavos Noruega e Dinamarca. 

No futebol

A seleção sueca se classificou para a Copa do Mundo da Rússia pela repescagem das classificatórias europeias, eliminando a Itália, tetracampeã mundial, pelo placar de 1 a 0 no jogo em casa e empatando sem gols no campo adversário. Além disso, na primeira fase da disputa, ficou em segundo lugar do grupo A, atrás apenas da França, deixando de fora a tradicional seleção holandesa, que ocupou a terceira colocação da chave e não se classificou.

Apesar de nunca ter sido campeã, a Suécia tem uma tradição notável em copas. Dos 11 mundiais de que participou, por duas vezes conquistou o terceiro lugar. A primeira vez em que isso aconteceu foi na Copa do Mundo do Brasil, em 1950, quando perdeu por 3 a 2 na semifinal para o Uruguai, futuro campeão, mas bateu na disputa pelo bronze a seleção espanhola, por 3 a 1. A segunda vez foi em 1994, nos Estados Unidos, quando perdeu de 1 a 0 para o Brasil na disputa pela final, com gol de cabeça de Romário, porém ganhou a disputa pelo terceiro lugar por 4 a 0 da Bulgária.

Estádio da Amizade, nos arredores de Estocolmo, capital da Suécia

Além dessas duas boas colocações, em 1958, quando sediou a Copa do Mundo, a seleção sueca bateu na trave do título mundial, perdendo para o Brasil, até então sem nenhum título da competição, por 5 a 2 na final. Essa pode ser considerada a derrota mais marcante do país na história dos mundiais, perdendo a chance de se consolidar campeã diante de sua torcida e abrindo caminho para a futura seleção mais vitoriosa da história.

Para a Copa da Rússia, a Suécia chega sem o seu maior artilheiro de todos os tempos, o atacante Zatlan Ibrahimovic, que se aposentou da seleção após a Eurocopa de 2016. Apesar de especulações sobre seu retorno para esse mundial, o astro deu a entender que não revogaria a decisão de parar de jogar por seu país e segue para a Rússia apenas como espectador. Atualmente, Ibrahimovic joga no Los Angeles Galaxy, time da Major League Soccer (MLS), liga norte-americana, mas registrou passagem por gigantes do futebol mundial, como Ajax, Juventus, Internazionale de Milão, Barcelona, Milan, Paris Saint-Germain e Manchester United.

A Suécia estréia no grupo F da Copa do Mundo dia 18 de junho, contra a Coreia do Sul. Na sequência da chave, a selecção tem pela frente a atual campeão mundial, Alemanha, e o México. Após ficar fora da Copa do Brasil, em 2014, os suecos chegam à Rússia com a missão de recuperar seu status de seleção competitiva no futebol mundial.