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Vendas adiantadas? Tem sojicultor que ainda não negociou nada em MT

Os altos custos de produção e os preços menores do grão, registrados nesta temporada, diminuíram muito o ímpeto de comercialização antecipada

A junção dos custos de produção elevados e os preços da soja em queda, está desanimando os produtores de Mato Grosso. Apesar de a comercialização estar adiantada em relação à mesma época do ano passado, o ritmo de vendas diminuiu em outubro. Tem produtor do estado que não vendeu nada ainda.

Segundo o último levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) o estado vendeu antecipadamente 36% da safra estimada de 33 milhões de toneladas. Na mesma época do ano passado haviam sido negociadas 33,9% da safra.

Até aí parece que está tudo bem, mas se comparar com o avanço registrado desde o mês de setembro, o ritmo diminuiu. De setembro para outubro deste ano, o ritmo de vendas aumentou 5 pontos percentuais (de 31% para 36%), enquanto em 2018 o avanço foi de 6 pontos percentuais (de 28% para 34%).

A razão pode estar justamente nos preços, que estão pelo menos R$ 1,50 por saca mais baixos se comparados ao ano passado. Com custos altos e preços baixos, Miguel Basso, que revende sementes e fertilizantes no oeste de Mato Grosso, percebeu a mudança de comportamento do produtor rural, que enfrenta uma das safras mais caras da história.

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“O agricultor começa a cortar o que é supérfluo na lavoura e tem feito só o essencial para não onerar mais. Vários produtores partiram para outras culturas, principalmente depois do plantio da soja, com grande aumento da área de algodão. Muitos retiraram a parte de adubação foliar, por exemplo”, diz Basso.

Os dados mais recentes do Imea mostram que o custo total do hectare de soja em Mato Grosso chegou a quase R$ 4 mil, alta de 8% em relação ao ano passado e um recorde histórico negativo para o estado.

O produtor Sérgio Stefanello, de Campo Novo do Parecis não se animou o suficiente para vender soja antecipadamente.

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Foto: Carolina Lorencetti

“Zero. Não vendi nada ainda. A soja tem hoje um custo de produção bastante elevado e as margens estão muito pequenas” diz.

A falta de pressa em comercializar tem um motivo: o produtor não depende só da soja. A produção dele é diversificada, voltada para grãos e sementes de milho-pipoca, girassol, gergelim e também feijão caupi. E a escolha da cultura que vai substituir a soja começa logo após a colheita.

“Neste ano, o gergelim foi uma cultura muito rentável, porque o custo dele é baixo e o preço estava aquecido no mercado internacional. Então o produtor foi beneficiado com isso. Tem anos que o feijão-caupi está muito bem, como o custo dele é reduzido, e preço do mercado internacional fica bom. Outros anos não”, diz o analista da Embrapa, Bruno Souza.

Quem não tem tantas opções à mão, pode fechar os negócios aos poucos, aproveitando as oscilações de mercado.

“Uma estratégia que adotamos para tentar diluir o risco é fechar mais negócios. Fazer fechamentos de formas distintas. Mais do que buscar um resultado comercial excelente, acho que o momento é reduzir risco e tentar diluir e descarregar esse risco em algum lugar”, conta o produtor rural Adolfo Petry.

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Foto: Carolina Lorencetti

A safra 2019/2020 de soja em Mato Grosso tem potencial para chegar a 33 milhões de toneladas, 1,57% maior que a safra anterior.

Sabemos que o mercado não está bem. Hoje o custo de produção subiu muito em comparação ao faturamento. Então estamos nessa luta. Mas fazer o quê? A nossa atividade é essa. Esperamos que a safra seja, no mínimo, igual em média de produtividade, tentando com certeza melhorar ela”, diz o presidente da Aprosoja-MT, Antonio Galvan.

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Foto: Carolina Lorencetti

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