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Veja como foi o Fórum Soja Brasil em Abelardo Luz (SC)

Evento realizado durante a feira Exposoja, nesta sexta, dia 5, discutiu a importância de se investir em sementes de qualidade e também sobre a competitividade tributária

Foto: Franco Rodrigues

Nesta sexta-feira, dia 5, foi realizado mais um Fórum Soja Brasil da safra 2018/2019, diretamente da feira Exposoja, Em Abelardo Luz (SC). O evento, que reuniu painelistas renomados, discutiu a importância de se investir em sementes de qualidade e também sobre a competitividade da soja diante da atual política tributária.

Mais uma vez, o auditório estava completamente lotado. Não à toa, pois contava com a presença de palestrantes como o pesquisador da Embrapa Soja, Ademir Henning, o presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), José Américo Rodrigues, o secretário de Agricultura de Santa Catarina, Ricardo de Gouvêa e o presidente do sistema Faesc/Senar, José Zeferino Pedroso.

Qualidade de Sementes

Já que o município de Abelardo Luz é reconhecido como a capital nacional da sementes de soja do país, o primeiro painel, liderado pelo comentarista do Canal Rural Dejalma Zimmer, não poderia ser outro: a importância do uso sementes de qualidade para garantir uma lavoura rentável.

“Por muitos anos acreditávamos que produzir sementes era algo simples, bastava germinar que as lavouras estavam garantidas. Mas conforme os estudos avançaram vimos que o importante era a qualidade da semente e o foco passou a ser o vigor. E nem todas as regiões têm condições climáticas para conseguir esta semente diferenciada. Por isso as grandes produções ficam restritas a algumas regiões do país, como no Sul. Essa pirataria de sementes é um problema sério, pois não leva nada disso em consideração”, ressalta Zimmer.

Da esq. para a dir.: Dejalma Zimmer, José Vogel, Mário Zanuzzo, José Américo Rodrigues e Ademir Henning

O pesquisador Embrapa Soja Ademir Henning, presente na roda de conversa, não foi escolhido à toa, afinal ele foi um dos responsáveis pelas primeiras recomendações técnicas para o tratamento de sementes no país. Sem falar nos inúmeros estudos para criação de variedades adaptadas para cada região.

“O uso de sementes de qualidade permite que a lavoura tenha um ótimo desempenho e produtividade durante a safra. Não adianta ter uma semente ruim e achar que o tratamento com defensivos irá ajudar”, afirma Henning.

Pirataria

O tema também ganhou destaque por se tratar de algo problemático para garantir a qualidade das lavouras. Segundo o presidente da Abrasem, a pirataria desestrutura o trabalho de pesquisa. “A partir do momento que não se recolhe royalties, para reinvestir em pesquisas e descobertas de novas variedades, é tirado o poder de reação frente a novas doenças e dificuldades e isso trará um prejuízo grave. Sem falar na baixa qualidade e falta de garantias para o produtor”, diz Américo Rodrigues.

“Pirataria também gera sonegação de impostos. Há três anos discutimos a atualização de nossa lei de proteção de cultivares, que até agora não serviram de nada e que estão atrasando nosso desenvolvimento. Foram discussões sem mediação do Mapa e de órgão especializados”, diz Rodrigues.

Uma pergunta da plateia, indagou o ex Fiscal Federal do Mapa, Adi Mário Zanuzzo, sobre o que limita a fiscalização dessas sementes piratas. “É um problema cultural. Não sabemos onde eles estão. Precisamos receber denúncias para encontrá-los, afinal o Ministério não tem capilaridade para fiscalizar o país todos. O produtor que compra sementes sem certificado está contribuindo pra isso”, afirma.

Tributação e competitividade

O Convênio 100, medida que dá descontos de 30% e 60% no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para comercialização de insumos entre os estados, foi renovado por mais um ano nesta sexta-feira, dia 5, durante a reunião entre os secretários de todos os estados da Federação no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), em Brasília.

Da Esq. a Dir: Alvear de Fabris,  Alexandre Avadi e Enori Barbieri

Assim como a qualidade de sementes, o benefício também foi tema durante o fórum. Para Enori Barbieri, vice-presidente da FESC/SENAR de Santa Catarina, é preciso abrir mão do que ele chamou de ‘política de escritório’ e reconhecer que taxações podem prejudicar o setor, principalmente em relação a competitividade.

“Se o desconto não fosse mantido, então o agro não seria mais capaz de equilibrar a balança comercial neste país. Com a taxação, não teríamos mais como exportar soja, nem frango que somos líderes no mercado, nem carne suína e muito menos carne bovina que também somos líderes”. E completou, “o nosso setor é forte, a gente teve poder para derrubar um presidente da república e não vamos desistir, vamos até o final nas negociações”.

Alexandre Avadi, presidente da Aprosoja de Santa Catarina, reforçou que o setor do agronegócio é um grande responsável pelo bom andamento do comércio no país, e enfatizou que  taxações excessivas, além de prejudicar a competitividade no mercado é reflexo de governos maus-estruturados.

“O setor produtivo que carrega o Brasil é o agronegócio, e nós não podemos deixar que toda vez que algo acontece o agro seja taxado. Isso que está acontecendo é questão de incompetência de gestão de governos passados, com isso o governo atual não tem mais de onde tirar dinheiro e precisa revisar questões como essa”, afirma Alexandre.

Alvear de Fabris, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município de Abelardo Luz, finalizou a roda de conversa sobre o assunto lembrando que caso o setor tivesse que retomar as com a taxação depois de 22 anos, a geração de emprego seria altamente prejudicada.

“Entendemos que os secretários dos estados precisam colocar dinheiro em caixa rapidamente, mas é preciso lembrar se isso acontecer, automaticamente o custo extra vai recair sobre os produtores, principalmente nos pequenos. Precisamos entender que isso prejudica principalmente a geração de empregos em todos os estados.”, disse.

Assista o evento na íntegra:

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