Tempestade de problemas afeta a safra de soja de São Paulo

Excesso de chuvas, pragas e até pombos estão atrapalhando o desenvolvimento da oleaginosa e podem limitar a colheita no estado. Tem produtor que perdeu 70% da safra

O desenvolvimento da safra de soja em algumas regiões do interior de São Paulo está sendo marcado por preocupação. A expectativa de uma temporada produtiva e altamente rentável foi se dissipando com o passar do tempo. Primeiro vieram às chuvas, que provocarem problemas de erosão no inicio da safra. Depois faltou água, que favoreceu o surgimento de pragas, pombos e fungos às lavouras. O resultado? Perdas produtivas e financeiras.

O excesso de chuvas registrado em outubro, em São Paulo, adiou o plantio da soja no estado. O solo estava encharcado e não permitia a entrada de maquinários. Segundo a meteorologia alguns municípios chegaram a receber volumes de precipitações 20% maiores neste ano. Foi exatamente assim que aconteceu em Araçoiaba da Serra, onde o produtor Allan Delfino possui uma propriedade de 160 hectares. “Vivemos períodos de chuva intensa e isso me prejudicou. A terra já estava toda pronta e preparada, por isso comecei a plantar. Semeei algo em torno de 30% da área, mas a erosão no solo me fez perder mais ou menos 40 hectares”, afirma Delfino.

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Depois do revés, o produtor praticamente desistiu de replantar a soja, devido ao tempo que demoraria em se desenvolver e irá esperar a janela para plantar o milho. “Devo colher menos da metade do que esperava, pelo menos. Agora, irei apostar no milho e ver se recupero parte do prejuízo, que pode superar os R$ 15 mil”, conta ele.

Além do prejuízo com o replantio por causa da erosão, outra preocupação dos produtores do município é com o aparecimento de pombos, caso que até gera estranheza em outros estados, mas muito comum na região. Esta visita nem um pouco bem vinda ataca as plantas em período de germinação e pode ampliar ainda mais os prejuízos. “Se não tiver pessoas para assustá-los, ficar observando, soltando rojão ou fazendo alguma coisa, é possível perder quase metade da produção com os pombos”, garante Delfino. “É só passar as chuvas que eles aparecem.”

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Mais um possível problema que o produtor está de olho é com o surgimento de pragas. Para isso, basta faltar chuvas. Em novembro o volume de precipitações foi 20% menor que a média para o período no Estado e ao que parece esta falta de chuvas perdurará até o final deste mês. O produtor Renato Romano plantou a oleaginosa em 300 hectares nesta safra e está fazendo o monitoramento diário em suas lavouras para evitar prejuízo com lagartas. “Quando está muito seco aumenta a proliferação das borboletas. Por isso já fiz a aplicação com inseticidas. Tento me prevenir, porque faço tudo para ter a maior produção possível, então tenho que cuidar”, explica ele.

O consultor técnico Cassiano Cleto, que presta serviços para a fazenda de Romano, também demonstra preocupação com pequenos insetos conhecidos como tripes que têm aparecido em alguns talhões. A minúscula praga raspadora e sugadora, mede entre 0,5 à 0,8 mm e é considerado uma praga secundária da cultura da soja, mas em anos mais secos sua população pode atingir um alto nível de infestação e causar danos severos nas lavoras.

Outro problema encontrado na propriedade de Romano, também atinge outros estados e a causa e solução ainda são incógnitas para boa parte do setor, os enrugamentos (encarquilhamento) das folhas. “Nesta área temos algumas reboleiras onde este encarquilhamento apareceu e a estamos buscando alguns institutos de pesquisa para mandar estas plantas para avaliação e entender o que está acontecendo”, comenta Cassiano Cleto. “Já vimos isso antes, mas não conseguimos descobrir o que causava. Não percebemos queda de produtividade, mas como este ano está maior, estamos preocupados.”

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