Soja: plantio chega na reta final no Rio Grande Sul, mas replantio assusta

Emater confirma que muitas áreas no estado estão passando pelo problema e tem produtor que terá que refazer 90% do que já havia semeado

Bruna Essig e Daniel Popov
Assim como outros estados, o Rio Grande do Sul teve um clima bastante favorável neste ano e a instalação das lavouras de soja avançou rápido. Agora mais de 90% da área estimada em 5,8 milhões de toneladas já está plantada, bem a frente dos 81% da mesma época do ano passado. Apesar do otimismo inicial, muitas áreas no estado tiveram que fazer algum replantio, afirmou a Emater-RS.

Na região central do estado o produtor Daniel Hoerbe plantou 424 hectares com soja, diferente do ano passado, nada de contratempos na semeadura e a expectativa é a melhor possível.
“A expectativa é melhor que a do ano passado, graças ao clima, devemos produzir mais de 50 sacas por hectare. Ano passado foi muito seco pra nós, mas esse ano começou bem”, conta.

O município de Cachoeira do Sul, com a segunda maior área destinada ao grão no estado, segundo dados do IBGE, com pouco mais de 100 mil hectares, deve superar facilmente as 37 sacas por hectare de média colhidas na última safra. Com chuvas regulares, o município está prevendo uma colheita farta.

“Nossa expectativa inicial é de uma produtividade média de 50 a 55 sacos por hectare no município. Por mais que o custo tenha aumentado, temos tecnologia pra passar dos 50 sacos, desde que chova”, diz o engenheiro agrônomo da Emater-RS, Dirceu Nöller.

Muito replantio

O otimismo dos produtores de algumas áreas de soja do estado contrasta com a preocupação de outros. Isso porque muitas áreas estão sendo replantadas, fato comprovado inclusive pela Emater-RS.

Segundo o último levantamento da entidade, as lavouras estão sofrendo com a baixa germinação das sementes, solos compactados e ataque de fungos nas sementes. “O excesso de chuvas tem provocado erosão do solo, principalmente em áreas sem cobertura de palha. Nas lavouras com baixa densidade de plantas, o replantio está sendo realizado nos locais mais afetados pela morte de plantas, raramente ocorrendo em toda a área, com uma média de 5% do total”, afirma a Emater-RS.

O produtor de soja Natanael Saggin dos Santos, que planta 70 hectares em sua propriedade em Ibirubá (RS) e outros 235 num arrendamento em São Sepé, está passando por esta agonia. Em sua área própria, já semeada, tudo certo e desenvolvimento bom. Já na arrendada, dos 145 hectares plantados, praticamente 90% terá que ser trabalhado novamente.

“Em Ibirubá, alguns vizinhos tiveram grandes áreas com replantio, mas nós não tivemos problemas ali, as lavouras se desenvolveram bem. Já em São Sepé pelo menos 120 hectares precisarão ser replantados”, afirma Santos.

Segundo o produtor, o excesso de chuvas na região atrasou todo o planejamento e o plantio só começou em 10 de novembro, com solo encharcado. Parte da área as plantas não germinaram e outra parcela teve problemas com doenças.

“Normalmente começamos cedo, mas desta vez iniciamos só no dia 10 de novembro. Quem plantou antes se deu bem e a soja se estabeleceu bem. Já na nossa área acabou não dando certo e teremos que replantar. Notamos problemas com as sementes, pois nada germinou e fomos até ressarcidos por isso. Outra parte foi afetada por doenças, já que tivemos temperaturas muito baixas a noite (em torno de 10ºC) e de 30ºC a tarde”, conta.

O produtor pretende agora concluir o plantio onde faltava e após isso replantar a soja de maneira cruzada na área anterior para evitar novos problemas. Ele não se arrisca em dizer qual a produtividade que conseguirá no final, mas não deixa a bola cair. “Estamos confiantes que tudo dará certo no final, sabemos que nem tudo funciona como queremos”, finaliza Santos.

Veja mais notícias sobre soja