Soja: integração lavoura-pecuária pode ser a salvação da lavoura, diz Embrapa

Segundo a entidade, nas áreas que o sistema é usado os ganhos produtivos superam os 10%, sem falar na melhora do solo e prevenção contra seca e excesso de chuvas

André Anelli, de Goiânia (GO)
O Brasil pode dobrar a produção de alimentos sem abrir novas áreas, garante a Embrapa, durante o 8º Congresso Brasileiro de Soja, realizado em Goiânia (GO). A entidade também ressaltou a importância do sistema na redução de gases poluentes na atmosfera e na recuperação dos nutrientes para o solo, fatores que podem render boas produtividades.

O gerente do departamento técnico da Cooperativa Agroindustrial de Maringá, Renato Watanabe, diz que mais de 200 cooperados adotam a integração lavoura pecuária. O sistema é responsável por aumentar a produtividade nas lavouras de soja da região.

“Temos produtores que já trabalham com integração há mais de 15 anos e que eram pecuaristas e hoje são sojicultores profissionais também. Eles têm conseguido obter médias acima de 65 sacas por hectare, chegando a picos, se não me engano, de 82 sacos”, diz Watanabe.

O exemplo se repete em 14 milhões de hectares no Brasil, que já adotam o sistema. Na integração, a braquiária que serve de alimento para o gado, também recupera os nutrientes do solo degradado, graças à profundidade e agressividade das raízes. Além disso, mantém a cobertura do solo, retendo água e evitando a compactação. Pesquisadores apresentaram benefícios além dos ambientais, que comprovam a viabilidade do sistema para a agricultura.

“Em média, o sistema gera um aumento de 10% na produção de soja. Principalmente pastagens do gênero braquiária, que são as melhores opções como planta de cobertura”, afirma o pesquisador da Embrapa Cerrados, Robélio Marchão.

Segundo a Embrapa, o Brasil ainda possui 80 milhões de hectares com algum grau de degradação. O sistema lavoura-pecuária-floresta é o mais indicado para recuperação das áreas, por ser sustentável: além de garantir o nutriente do solo, gera renda e diminui a emissão de gases poluentes da pecuária.

“O sistema oferece várias benefícios para o solo e isso oferece uma pastagem de melhor qualidade. Além do sequestro de carbono no solo, que de certa maneira compensa as emissões de metano do animal. A qualidade da pastagem oferece um melhor processo de digestibilidade do animal, reduzindo as emissões de metano”, conta Renato Rodrigues, da Embrapa.

A pesquisa comprova também que é possível dobrar as produções na agricultura e pecuária no Brasil, apenas com a intensificação do sistema lavoura-pecuária, sem necessidade de abrir novas áreas.

“A área toda de agricultura no Brasil corresponde a 9%. Então estamos falando de um novo Brasil rural e no mínimo dobrar a produção sem derrubar uma árvore sequer. Considerando os níveis que temos hoje, podemos simplesmente dobrar a produção brasileira em pouco tempo”, diz Rodrigues.

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