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Será que vale comprar e arrendar terras para produzir soja no Piauí?

Produtores e entidades da região falam sobre as principais dificuldades e a consultoria FNP Economics mostra quanto custa um arrendamento da região. Veja prós e contras!

colheita soja piaui
Os produtores Thomas e Damaris Kudiess. Foto: Carolina Lorencetti/Canal Rural

As terras do Piauí têm um dos menores preços do país, incluindo os arrendamentos, na comparação com outras localidades produtoras de soja. O levantamento foi realizado pela consultoria Informa Economics IEG|FNP Mas será que vale a pena investir na região? Entenda os prós e contras e a opinião dos produtores do estado!

Quando a família Kudiess saiu do Rio Grande do Sul para plantar soja no Piauí, as coisas estavam bem diferentes de hoje: os dois filhos ainda eram crianças, a vida nova tinha menos conforto e os desafios se mostravam grandes.

“Meu marido Thomas tinha esse sonho. A gente tinha conversado muito a respeito e quando viemos pra Uruçuí, era pra ficar, pra aguentar no osso. Então não tive vontade de voltar, não”, diz a produtora Damaris Kudiess.

Assim como outras famílias, eles saíram do Sul a convite do governo do Piauí. O que atraiu os produtores foi a possibilidade de comprar áreas maiores e expandir a produção. Vinte anos depois da mudança, a propriedade do casal tem quase cinco mil hectares de área plantada de soja, que rendem na média umas 67 sacas por hectare.

Vale ficar de olho

O valor da terra aqui em Uruçuí é um dos menores do país: em torno de R$ 10 mil por hectare, com potencial para média fertilidade. Mas antes de comprar, o produtor precisa prestar atenção em outros pontos, como a infraestrutura e a localização da área.

A região em que a propriedade da família Kudiess está faz toda a diferença, ainda mais se avaliar o regime de chuvas. Outro ponto positivo para a localização é a influência no escoamento da safra.

“Nós temos estradas que ligam Teresina a Uruçuí, ou então Porto de São Luís a Uruçuí. Mas em boa parte do Cerrado, onde está também há região produtiva, a situação ainda é muito precária, sem estradas, energia e isso tem se tornado um grande gargalo”, afirma o secretário municipal de Agricultura, Samuel Werner.

Fora o problema com algumas estradas, também estão entre os pontos negativos as questões fundiárias e a falta de infraestrutura de manutenção de maquinários e caminhões. Mas o valor da terra compensa alguns infortúnios.

Valor do arrendamento

Além de analisar o valor das terras, um levantamento da consultoria em agronegócio FNP Economics também calculou o preço dos arrendamentos. Em Cascavel, no Paraná, o produtor paga entre 21 e 27 sacas de soja por hectare por ano. Em Sinop, Mato Grosso, o valor fica entre 6 e 12 sacas. Já em Uruçuí, o valor máximo não ultrapassa nem 10 sacas.

O presidente da Aprosoja do Piauí explica que o arrendamento na região é mais voltado para o produtor que já está no estado e quer expandir.

“Normalmente são áreas vizinhas, o que agrega ao negócio. Se você pegar um arrendamento de 6 a 10 sacos, em uma área média que vá produzir de 40 a 50 sacos, com um custo mínimo de 35 sacos, consideramos uma margem perigosa. Ainda mais com as intempéries climáticas, reduzindo essa média. O arrendamento vejo como um complemento para o produtor já estruturado, não apenas um negócio por si só.”, diz o presidente da Aprosoja Piauí, Alzir Pimentel.

Vale ou não vale?

Mas se a dúvida é se vale a pena comprar terras no Piauí, ou não, a resposta de todos os entrevistados foi sim! A família Kudiess só volta para o Sul agora, para visitar o resto da família. Para eles, o esforço foi compensado!

“Porque tem coisas que o dinheiro não compra, né? Ensinamentos que a gente não tem quando tem o conforto. Então tem muita carga de conhecimento, de família, de companheirismo, prioridades que se tornaram diferentes pelo fato de ter vindo pra cá, além do ganho financeiro”, finaliza Damaris.

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