Produtor de soja teme falta de armazéns e frete 60% mais caro nesta safra

Perspectiva inicial é de uma safra recorde com altas produtividade em Mato Grosso. Mas destino do grão e custos elevados assustam

Pedro Silvestre, de Água Boa (MT)
Em Água Boa, no leste de Mato Grosso, a expectativa é de uma safra cheia. Ainda assim, isso não significa que os agricultores não estão preocupados. Isso porque pode faltar armazém para guardar tanta soja, somado a insegurança sobre o frete, que está mais caro em relação à última temporada, podem diminuir a margem do produtor.

Uniformidade, estandes bem formados, plantas vigorosas e bem desenvolvidas, se a condição das lavouras continuar assim até a colheita, o produtor Euclásio Garruti Júnior acredita que pode superar o recorde de produtividade.

“Conseguimos, no ano passado, 64 sacos de média e não teve um clima tão bom quanto hoje. Quando já começa bem, imaginamos que será um ano melhor, então acredito que tem todos os ingredientes para ter um recorde de produção”, diz.

Segundo o produtor, o regime de chuvas na propriedade tem sido generoso neste ano, com mais de 700 milímetros acumulados, fato que gerou surpresa em todos.

“Algo bem diferente do que estamos acostumados. Estamos há 25 anos na região, em todos tivemos alguns momentos de estresse hídrico, principalmente nesse início da implantação das lavouras. Ao contrário deste ano, que começou a chover e nunca parou. No máximo tivemos 5 dias sem chuvas. Então, um começo de safra perfeito”, conta Júnior.

Em outras propriedades o cenário é semelhante. O presidente do Sindicato Rural de Água Boa, por exemplo, também aproveitou a boa umidade do solo para adiantar o cultivo. As plantadeiras estão finalizando as últimas áreas. Enquanto isso, ele acompanha otimista o bom desenvolvimento da lavoura.

“Falar em números nessa época, é difícil, mas a gente espera que a média possa superar a dos outros anos, inclusive a do ano passado, onde colhemos 55 sacas. Esse ano pode superar isso”, Antônio Fernandes de Mello

Nesta safra, cerca de 170 mil hectares de soja foram cultivados no município. Se a perspectiva de safra cheia for confirmada, os produtores devem enfrentar um problema. A falta de infraestrutura, já que deve faltar espaço para armazenar toda a produção esperada.

“Nossa colheita vai coincidir com a do nortão. Então pode transcorrer algum problema de logística de transporte e de armazenamento, podendo causar prejuízo aos agricultores. Temos uma deficiência de armazéns na região. A deficiência chega a 30%, acredito que esse ano vai acontecer igual aos outros anos, problema na entrega”, conta Mello.

E o gasto com transporte da safra também pode ser maior que o de costume, acredita o agricultor Euclásio Garruti Junior. “A preocupação é permanente, principalmente para nós que estamos a 1,8 mil km do porto e dependemos muito dos caminhões e armazéns ambulantes. Eu vou precisar de mais de caminhões nesta safra e meu vizinho também. Todos na mesma hora, ai o frete sobe 60%, tranquilamente. Todas essas despesas extras estragam o orçamento de custos”, diz Junior.

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