Política de biocombustíveis dos EUA movimenta mercado de grãos

Analistas de mercado divergem sobre futuro das cotações da soja e do milho diante da medida aprovada pelo presidente Barack Obama

A mudança na política de biocombustível dos Estados Unidos está gerando muitas especulações ao mercado de grãos. Enquanto alguns analistas avaliam a possibilidade de esta atitude elevar os preços internacionais da soja, no caso do biodiesel, e do milho com o etanol, outros acreditam que esta onda especulativa não durará muito. De certo é que a política assinada pelo presidente atual dos Estados Unidos Barack Obama, pode não ser seguida pelo próximo, Donald Trump e tudo mudar novamente.

Após o anuncio da Agência da Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês), de elevar um o uso de combustíveis renováveis, para 72,9 bilhões de litros em 2017, gerou muitas especulações no mercado internacional de grãos e alguns analistas já apostam em elevação nos preços da soja e do milho, como é o caso da Brandalizze Consulting. Em entrevista cedida à jornalista Kelen Severo, o consultor Vlamir Brandalizze, comentou sobre a possibilidade de esta decisão gerar um incremento na demanda por soja e milho de 5 a 9 milhões de toneladas para os grãos. “No final do mandato do Obama ele trouxe um presente de papai Noel para o agronegócio mundial. Esse aumento do uso dos biocombustíveis nos EUA acaba refletindo tanto na soja quanto no milho. No médio prazo vai ter maior demanda e pressão positiva nas cotações”, comentou ele.

Já o analista Pedro Dejneka, da consultoria AGR Brasil acredita que o produtor não deve se animar muito com esta possibilidade, pelo menos não agora. Segundo ele, a disputa entre política entre os democratas e republicanos ainda pode mudar tudo neste cenário. “Não há nada comprovado ou garantido de que os republicanos irão manter o que foi anunciado pelo Obama. Essa demanda por combustíveis biorrenováveis nos Estados Unidos pode ser preenchida por outras matérias-primas alternativas, como palma ou algas e não por soja ou o milho”, pondera.

Dejneka acredita que é muito cedo para tentar cravar alguma coisa, ainda mais nas cotações internacionais dos grãos. Segundo ele esta medida pode não demandar tanto quanto se comentou, podendo chegar a 2,5 milhões de toneladas de milho dos EUA. “Perto dos 60 milhões que eles tem estocado, esse montante não significa nada. Ou seja, não vai mudar muita coisa no setor de etanol”, afirma o analista da AGR. “A do biodiesel, usando a soja, é preciso monitorar e ver o que a nova administração vai fazer.”