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'Maior fronteira agrícola do mundo está no bioma amazônico', diz pesquisador da Embrapa

Expansão da soja em estados como Rondônia e Acre não só ajudaria a atender demanda mundial por alimentos, como serviria de estímulo social e econômico para a região

Vicente de Paulo Godinho Embrapa
Foto: Canal Rural

O Brasil é um dos poucos países no mundo com a possibilidade de ampliar áreas com a agropecuária. De fato, um estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) mostra que o país será o grande responsável por produzir os alimentos necessários para atender os mais de 9 bilhões de habitantes que habitarão o planeta em 2050. Nesse sentido e, diante das críticas contra a expansão da agricultura no bioma amazônico, o pesquisador da Embrapa Rondônia Vicente de Paulo Godinho afirmou, durante palestra na Abertura Nacional do Plantio da Soja, que a região possui potencial e áreas para ampliação sustentável da agricultura.

Godinho ressaltou durante o evento, realizado nesta quinta-feira, 19, em Vilhena (RO), que a maior fronteira agrícola da humanidade está inserida na Amazônia. “A agricultura precisa de terras e topografia adequadas para viabilizar essa produção em larga escala. Precisamos disso para para atender a esses 9 bilhões de habitantes no mundo. A responsabilidade do agricultor brasileiro é muito grande”, diz.

De acordo com o pesquisador da Embrapa, o bioma amazônico e se mostra promissor para a agricultura pois é rico em um insumo fundamental, a água. “Estados como Rondônia e o Acre têm municípios que recebem até 2.800 milímetros de chuvas por ano. E isso proporciona a qualidade e a possibilidade de semear mais de uma cultura por ano”, conta Godinho.

O Acre é considerado o estado com maior potencial agrícola da região, seguido pelas cidades mais ao sul da Amazônia. “O Acre é uma das grandes fronteiras agrícolas que temos, e os produtores de outros estados precisam conhecer, pois é o local com maior potencial de áreas para agricultura do país. E temos o sul do estado do Amazonas, (municípios) como Apuí, Boca do Acre, Humaitá e uma série de outros que tem uma grande aptidão agrícola, terras e água. Tudo isso preservando o meio ambiente”, afirma.

Agricultura e meio ambiente

Apesar das informações do pesquisador da Embrapa Rondônia, as críticas internacionais quanto ao uso e ampliação da agricultura no bioma amazônico parecem ser um limitante para a exploração dessas áreas. Entretanto, o supervisor de gestão da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti Castro, ressalta que, para cada nova área aberta para a agricultura, parte é obrigatoriamente destinada à preservação ambiental.

“Para cada nova área que entra no Brasil, parte será destinada à preservação ambiental. Mas é importante frisar que toda vez que vamos comercializar essa produção estamos competindo com países que não têm essa exigência ambiental. No caso da soja, competimos com a Argentina e os Estados Unidos. Será que não temos como fazer um marketing mostrando para mercados como a China que toda vez que eles compram soja do Brasil eles contribuem com o meio ambiente? Acho que temos que fazer uma campanha e mostrar a importância do nosso produto”, diz Castro.

Segundo ele, essa preservação ambiental tem um valor não pago pelos países que compram do Brasil. “Os agricultores estão ansiosos por projetos que pagam melhor por produtos que atendam às exigências ambientais, pois o agricultor sempre é culpado pelo ônus e nunca recebe o bônus. É importante dar uma retribuição para esse agricultor e garantir esses índices de preservação”.

O presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz, levantou a plateia em Vilhena ao comentar que o mundo sabe criticar o país, mas nunca pagou um centavo a mais por essa produção sustentável. “Se for falar por pagamento para preservação ambiental, paguem primeiro pelas nossas reservas legais e APPs, comecem por aí. Não adianta vir fazer desenho e discurso sem pagar por isso. Segundo a Embrapa, temos quase R$ 3,3 trilhões em recursos que estão imobilizados dentro das fazendas e precisamos resolver esses passivos”, comenta.

Braz ainda afirmou que irá pedir ao presidente Jair Bolsonaro que acabe com as moratórias da soja. “Essas moratórias estão penalizando os produtores por fazerem desmatamentos dentro da legalidade. O mercado não aceita isso, mas temos que mostrar que está tudo dentro das leis. Vamos pedir ao presidente Bolsonaro para acabar de vez com essa moratória, não podemos mais sacrificar nossos produtores em prol de um meio ambiente que eles já preservam”, diz o presidente da Aprosoja.

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