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Goiás estuda antecipar fim do vazio sanitário para a soja

Uma reunião com produtores, entidades do setor e de pesquisa foi realizada para debater a possibilidade. Ficou decidido que o estado fará nova solicitação de parecer técnico à Embrapa

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Foto: Indea-MT

Assim como já aconteceu no Paraná, Goiás é outro estado que estuda fazer uma antecipação do fim do vazio sanitário para a soja. Atualmente o período sem plantas vivas de soja vai de 1 de julho até 30 de setembro. Uma reunião entre entidades do setor, produtores e pesquisadores foi realizada para debater o tema. Ao final ficou decidido que uma nova solicitação de parecer técnico será realizado junto a Embrapa.

A reunião contou com produtores e diretores da Aprosoja-GO, da Agopa (produtores de algodão) e da Faeg. Um dos primeiros pontos a favor da mudança foi que recentemente, Minas Gerais antecipou o fim do vazio sanitário da soja para 15 de setembro, como já ocorre em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Assim, a porção Centro-Sul de Goiás (que é responsável pelo maior volume estadual da oleaginosa e faz limite com esses Estados) ficou isolada aguardando até o dia 1º de outubro para iniciar os trabalhos.

Presentes na reunião, representantes da Embrapa Soja informaram que o vazio sanitário estabelecido para Goiás foi “exaustivamente discutido e planejado desde a sua implantação”, que ocorreu no ano de 2004. E que isso levou em conta o comportamento epidemiológico do fungo Phakopsorapachyrhizi, causador da ferrugem-asiática.

“Hoje os melhores fungicidas do mercado controlam em torno de 82% da doença. A pressão de seleção vai causar perda de eficiência dos fungicidas”, diz a pesquisadora Mônica Zavaglia, que atua no Núcleo Regional da Embrapa Soja em Santo Antônio de Goiás.

Por sua vez, o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz, lembrou que é necessário avaliar se uma possível antecipação da janela de semeadura pode aumentar os custos de produção. “Dependendo da pressão de inóculos, o produtor vai ter que fazer uma aplicação a mais de fungicida para segurar a ferrugem”.

Chuvas em setembro

Em seu posicionamento contrário às alterações no vazio sanitário, a Embrapa Soja ainda justificou dizendo que as principais regiões produtoras de soja em Goiás não recebem chuva em condições adequadas no mês de setembro para a semeadura nas áreas de sequeiro.

Mesmo assim, alguns produtores defenderam a possibilidade de plantar mais cedo nos anos em que chover volumes suficientes em setembro. “Ano passado estava com tudo pronto na fazenda para começar a semeadura, havia umidade no solo, mas eu tive que esperar 10 dias porque ainda não estava na data de plantar”, conta o 1º vice-presidente da Aprosoja-GO, Joel Ragagnin, produtor em Jataí, no Sudoeste goiano.

E numa situação como essa, citaram alguns dos participantes, não é difícil encontrar que acabam plantando na ilegalidade mesmo.

Os produtores que defendem a antecipação da semeadura de soja também apresentaram razões econômicas para isso. Por exemplo, a perspectiva de melhorar os resultados produtivos da cultura subsequente, como o algodão. “A formação da fibra do algodão é muito suscetível ao frio; então, se plantarmos um pouco mais cedo após retirar a soja do campo podemos obter uma boa diferença em volume de produção”, explica o presidente da Agopa, Carlos Alberto Moresco.

Conclusão do debate

Diante das discussões, o presidente da Aprosoja-GO e da Comissão de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Faeg, Adriano Barzotto, ponderou que a decisão sobre alterar o vazio sanitário da soja e, portanto, a janela de semeadura em Goiás, deve ser objeto de um “fino ajuste”.

“Precisamos ter comprometimento com a agricultura do Estado, evitando uma maior pressão da ferrugem asiática da soja. Mas também podemos buscar atender de forma geral às particularidades encontradas em Goiás, que é um Estado de transição climática”, afirma.

Assim, como encaminhamento da reunião foi definido que será apresentada nova solicitação de parecer técnico à Embrapa, visando avaliação da antecipação do plantio em 05 dias, para o dia 25 de setembro. Em conjunto, a proposta é conduzir experimentos sob a coordenação dos pesquisadores da própria Embrapa, visando avaliar quais os impactos dessa possível mudança sobre a incidência de ferrugem asiática em Goiás.

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