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Soja: mesmo com dólar em alta, renda do produtor deve cair 7% em 2019

Economistas comentam o que vem trazendo instabilidade ao câmbio e as tendências para os mercados doméstico e internacional

soja estampada com dólar e real
Foto: Pixabay/Montagem: Canal Rural

O preço da soja no mercado internacional deve cair devido aos estoques recordes dos Estados Unidos e ao desaquecimento da economia norte-americana em 2019/2020, alerta Fábio Silveira, economista da Macrosector Consultores. Assim, mesmo com o dólar em alta, o especialista estima que a lucratividade do produtor brasileiro deve ser 7% menor quando comparada ao ano anterior.

“A queda só não vai ser maior porque a taxa de câmbio médio, com toda incerteza e volatilidade, vai subir um pouco em 2019 comparado a 2018”, afirma.

Quem lucra com o dólar em alta são os grandes produtores de soja e as empresas que negociam diretamente com os compradores, afirma Silveira. Mas, segundo ele, o que se ganha de um lado, perde-se na compra de insumos.

No mercado doméstico, a tendência é de estabilidade. “Deve ter alguma queda no preço internacional da soja, por causa do ambiente de perda de dinamismo dos Estados Unidos em 2019/2020. Portanto, vamos ficar mais ou menos de lado”, explica Silveira.

O que está mexendo com o dólar?

A reforma da Previdência é a principal responsável pela alta na moeda-norte americana. A medida ainda vai passar por uma longa tramitação no Congresso e deve influenciar a cotação nesse meio tempo. No mês passado, durante a troca de farpas entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o dólar chegou ao maior valor em quase seis meses: R$ 3,95.

Em abril, a expectativa é de que o texto comece a ser de fato analisado pelos deputados. Com isso, a variação do dólar em relação ao real deve ser menor do que a registrada em março. “Deve deixar para trás parte daquelas pressões mais intensas e voltar a oscilar em um patamar mais perto de R$ 3,80 e R$ 3,85, se não houver novo foco de tensão e nervosismo do mundo político”, declara Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.

Nova call to action

Campos Neto diz que o ideal para o Brasil seria estabilidade no câmbio, porque as turbulências no mercado financeiro causam insegurança. “Quando um empresário, um produtor rural, toma suas decisões em relação à venda dos seus produtos ou à compra de insumos, que tem uma dependência da taxa de câmbio, oscilações muito bruscas certamente prejudicam e, eventualmente, até postergam algumas decisões importantes”, finaliza.