Conversão de pasto em lavoura de soja pode triplicar o valor da terra

Mas nem tudo é vantagem, custos para esta adaptação de pastagens degradadas podem chegar a R$ 2 mil por hectare, no Tocantins

Muito se fala sobre a conversão de áreas de pastagens degradadas em lavouras de grãos. Dizem inclusive que esta é uma alternativa para ampliação da produção sem precisar derrubar mais árvores. Em Tocantins, esta reforma abre espaço para ampliar ainda mais a produção de soja, sem falar na valorização da terra, que pode triplicar o preço em três anos. Claro que existe um preço para isso e não é tão baixo assim.

A região de Porto Nacional, no Tocantins, tem hoje como uma das principais atividades econômicas, a pecuária. Ao todo são 200 mil hectares de pastagens que abrigam um rebanho de 112 mil animais. Há dez anos, entretanto, a soja vem ganhando espaço e cresce a taxas de até 15% ao ano, principalmente sobre as áreas de pastagens degradadas. Para se ter uma ideia, em 2006/2007 a área de soja no Estado era de 267 mil hectares e nesta safra deve chegar a 900 mil hectares.

Por este potencial o estado é considerado uma fronteira agrícola do país e está atraindo olhares de agricultores de diversas regiões. Este é o caso do produtor Nelcir Formehl, vindo de Sorriso, em Mato Grosso, que comprou há cinco anos 320 hectares na região. A coisa foi tão bem que hoje ele possui 2 mil hectares, com áreas de pastagens recém adquiridas, que necessitam trabalho para ficarem produtivas.

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Transformar uma área de pastagem degradada em lavoura requer muito investimento. Geralmente são áreas que necessitam de uma limpeza geral, uso de grades, aplicação de calcário, entre outros procedimentos pra deixar a terra produtiva. O custo para preparar a terra chega a R$ 2 mil por hectare. E o resultado, em termos de produtividade, só vai aparecer depois de pelo menos três anos. “Neste primeiro ano é a soja não consegue tirar do solo todos os nutrientes que precisa e não adianta sonhar com alta produtividade, porque isso não vai acontecer. Se pagar o custo já ficamos contentes”, garante Formehl.

A nova área que Formehl está plantando era toda degradada. Com muita pedra inclusive, algo comum na região. São 420 hectares. Ele pagou mais ou menos R$ 4 mil por hectare, quando comprou, há três anos. Com todo o preparo que fez, a área vale hoje três vezes mais, conta o agricultor.

Isso também acontece nas áreas que são arrendadas. Esta reforma de pastagens degradadas em lavouras de grãos também valoriza a terra. E, segundo Formehl vale a pena também, já que o custo do arrendamento é menor nos primeiros anos, aumentando a medida que a área se torna mais produtiva. “Este custo era de um saco por hectare por ano e a cada ano o preço subiu um saco por hectare”, explica ele.

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Uma das principais dificuldades, no entanto, não é a limpeza da área, mas sim, a correção do solo. Segundo o consultor técnico do projeto Soja Brasil e especialista em adubação e nutrição do solo, Áureo Lantmann, é preciso adequar esta terra para que a soja tenha uma produtividade adequada e rentável. “Esta terra, como a grande maioria dos solos do Brasil, tem problemas de acidez, devido a quantidade de alumínio e baixo teor de cálcio e magnésio. O produtor precisa adequar esta terra, precisa deixar o Ph mais acertado para que a soja possa produzir, isso exige calagem”, comenta o consultor.

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Na região de Porto Nacional, a soja ocupa hoje uma área de 250 mil hectares, com potencial para dobrar esta área, principalmente em áreas de pastagens degradadas, garante Fabiano Buffon, vice-presidente regional da Aprosoja de Porto Nacional.

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