Apesar do atraso, colheita da soja em Mato Grosso dispara

Bloqueios em rodovias poderão agravar a situação do atraso a partir da próxima semana

A colheita de soja em Mato Grosso avançou aceleradamente nesta semana, superando metade do total plantado no Estado, o maior produtor de grãos do Brasil, mas continua atrasada em relação ao mesmo período do ano passado, principalmente por problemas climáticos.

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Enquanto isso, bloqueios em rodovias, se mantidos, poderão agravar a situação do atraso a partir da próxima semana, informou o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), nesta sexta, dia 27, reportando já alguns problemas de falta de diesel nos últimos dias.

Uma pesquisa junto a produtores do Estado, indica que 60% dos associados têm diesel para abastecer as colheitadeiras somente até a próxima segunda, dia 2 de março.

Apontou ainda que cerca de 20% já não tinham, na quinta, dia 26, o combustível em função do desabastecimento ocasionado pelos bloqueios de caminhoneiros, cujo movimento é forte no Estado e persiste nesta sexta.

– Provavelmente respondeu a pesquisa quem está com mais problemas, as questões foram enviadas a todos os associados (das associações de produtores de soja e algodão), e só uma parcela respondeu – afirmou o superintendente do Imea, Otávio Celidonio.

A pesquisa atingiu mais de cinco mil produtores ligados à Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e Associação Matogrossense dos Produtores de Algodão (Ampa), e pouco mais de 10% responderam a sondagem.

– A conclusão é que, se a entrega do diesel não for restabelecida, teremos uma situação complicada para a colheita (na próxima semana). É um período de chuvas e pode haver prejuízos em termos de qualidade (na soja), dependendo do tempo que a falta de diesel vai durar – afirmou.

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Celidonio disse que, embora atualmente os produtores plantem variedades mais resistentes, se a soja ficar madura no campo por muito tempo, em um período chuvoso, a qualidade do grão cai e mesmo o produto pode ser estragado.

A colheita já vinha atrasada por problemas de seca na época de plantio e chuvas intensas na semana passada. Até quinta, a colheita atingiu 53,6% da área no Estado, que deverá colher um recorde de mais de 27 milhões de toneladas, ou cerca de 30% do projetado para o Brasil. No mesmo período do ano passado, a colheita estava em 58,5%.

– Ainda não afetou (a colheita por falta de diesel), muito pouco do atraso pode ser atribuído ao protesto dos caminhoneiros, mas a partir da semana que vem a situação pode piorar – disse Celidonio.

Avanço na colheita

Na última semana, apesar das chuvas, o sol apareceu em Mato Grosso, secando as lavouras e permitindo a realização da colheita sem grandes problemas, com um avanço importante. Até a semana passada, produtores tinham colhido cerca de 35% da área de soja, o que indica um avanço de quase 20 pontos percentuais na última semana, ou aproximadamente 1,6 milhão de hectares, de um recorde de 8,8 milhões de hectares da área plantada.

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Se os protestos dos caminhoneiros não forem resolvidos e o atraso na colheita se agravar, a soja pode demorar a chegar aos portos de exportação, tendo repercussões no mercado internacional.

Nesta semana, os contratos futuros negociados na bolsa de Chicago registraram altas em algumas sessões, devido a preocupações com os protestos, uma vez que o Brasil é um dos líderes globais nas exportações, juntamente com os Estados Unidos.

Reuters

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