Adubação foliar na soja é contestada por especialistas, entenda por quê!

O pesquisador Áureo Lantmann explica a razão de esta técnica não ser uma unanimidade no setor. E dá dicas do que deve ser avaliado antes de usá-la

Artigo: Áureo Lantmann
A safra de soja 2017/2018, no Brasil, começou relativamente bem, em que pese alguns atrasos nas datas de semeadura e também a ocorrência de problemas com germinação e consequente estabelecimento prejudicado de lavouras, em regiões bem pontuais.

Atrasos na semeadura, falta ou excesso de umidade, temperaturas baixas, podem levar a soja a algum problema quanto ao seu desenvolvimento no período vegetativo. Diante disso é provável que agricultores, recorram a tecnologias alternativas, como a adubação foliar, como uma forma de compensação ao desenvolvimento irregular durante o período vegetativo até início do florescimento.

A aplicação de nutrientes nas folhas das plantas, com o objetivo de complementar ou suplementar as necessidades nutricionais das mesmas, não é uma prática nova, sendo conhecida há mais de 120 anos.

Apesar de todos os conhecimentos e de algumas vantagens, o uso dos principais nutrientes em pulverização foliar possui sérias restrições. A utilização de sais solúveis de NPK, deste modo, somente pode ser feita em baixa concentração, sendo necessárias, várias aplicações para atingir a adequada quantidade de nutrientes nas plantas, capaz de afetar significativamente a produção. Quando a concentração é aumentada, pode ocorrer a queima das folhas. Na prática, têm sido obtidos resultados muito inconsistentes quanto à sua eficiência, havendo ainda inúmeros pontos obscuros a serem estudados, sem o que não será possível sua utilização em larga escala.

A adubação foliar normalmente é tratada de forma muito genérica ou dando uma perspectiva exagerada do efeito, sem a consideração de uma série de particularidades que seu emprego requer.

Qual o objetivo de uma adubação foliar?

A) Corrigir as deficiências?
B) Complementar à adubação do solo?
C) Suplementar à adubação do solo durante todo o ciclo da cultura?
D) Suplementar à adubação de solo no estádio reprodutivo da soja?

Se as necessidades nutricionais da soja, quantificadas em função da interpretação dos resultados de análises de solo, foram atendidas via adubação no solo, as adubações via foliar provavelmente serão inócuas.

A maior questão sobre a adubação foliar para a soja é quando se deve aplicar o adubo foliar?

Na verdade, há necessidade de um diagnóstico em que se considere:

1) resultados de análise de solo
2) resultados de análises foliar de anos anteriores, complementados com índices do DRIS
3) conhecimentos da adubação utilizada no ano e principalmente das adubações de anos anteriores
4) histórico de sintomas de deficiências em anos anteriores principalmente de micronutrientes
5) considerar a resposta apresentadas com o uso de adubos foliares em anos anteriores.

Sem esse conjunto de informações, adubação foliar na soja fica sem objetivo e sem parâmetro de referência para sua recomendação.

Nos casos de cobalto e molibdênio e do manganês, há argumentos técnicos para suas recomendações via foliar. Cobalto e molibdênio, quando não foram adicionados via sementes, em que pese ser esta ainda a mais eficiente forma de adubação para esses dois nutrientes, pode se optar pela via foliar. Para o manganês, quando surgirem sintomas ainda no período vegetativo, se recomenda a aplicação foliar.

Bom lembrar que de soja RR, após aplicação do glifosato, são induzidas a falta de manganês, que pode ser corrigida com adubo foliar.

Fica a seguinte questão, quando aplicar adubo foliar? Sempre ou em função de alguma referência?

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