Cidade de Sorriso (MT) é considerada a maior produtora de soja do mundo

Plantações ocupam 615 mil hectares do município, chamado de capital do agronegócioUma terra formada por pessoas que desbravaram o Cerrado e o transformaram em fonte de alimentos. Esta é a cidade de Sorriso (MT), que em menos de três décadas desde a emancipação política, se tornou a capital nacional do agronegócio. O reconhecimento não foi por acaso. O município é referência absoluta na produção de grãos no Brasil e é considerado o maior produtor de soja do mundo.

Muita coisa mudou desde que o produtor rural Argino Bedin deixou o Paraná e mudou-se para Sorriso, no médio-norte de Mato Grosso. O ano era 1979. Como a maioria dos imigrantes que desembarcaram na região naquela época, ele começou plantando arroz, mas logo passou a realizar os primeiros experimentos com a soja. Foi um dos pioneiros no cultivo do grão nestas terras.

Três décadas se passaram desde os testes na pequena área de 30 hectares até os atuais 16 mil hectares que ele planta com a família. A fazenda cresceu, ganhou estrutura e tecnologia de ponta. Um retrato fiel do que também aconteceu com a cidade.

Em 26 anos desde a emancipação política, Sorriso ganhou ruas e avenidas amplas, praças arborizadas e uma população com 75 mil habitantes. O índice de desenvolvimento humano é o melhor de Mato Grosso. A economia é a quarta maior do Estado, com um PIB de R$ 2,5 bilhões. É claro que a maior parte deste dinheiro vem do agronegócio.

Uma das primeiras coisas que chamam a atenção de quem visita Sorriso é a imensa quantidade de armazéns espalhados ao longo da BR163, que corta a cidade. Juntos, eles conseguem estocar cerca de 3,5 milhões de toneladas de grãos entre safra e safrinha. Isso faz do município o maior de Mato Grosso em capacidade de armazenagem.

É simples entender o motivo de toda esta estrutura, já que Sorriso é o maior produtor de soja do mundo. As plantações ocupam 615 mil hectares. Na última safra, 2,1 milhões de toneladas do grão foram produzidas. Isso representa 10% da produção da oleaginosa em Mato Grosso e 3% de toda a soja colhida no Brasil naquele ciclo. No milho, mais destaque. Na última safrinha, a produção passou de 2,8 milhões de toneladas. É tanto grão que o agricultor Nelson Piccoli não tem dúvidas: o futuro da cidade é intensificar ainda mais o processo de agroindustrialização.

-Tanta soja e milho significam potencial muito grande para agroindústria avançar, incentivando bovinocultura, suinocultura, psicultura, ovinocultura, entre outros – diz Piccoli.

Se hoje o potencial é grande, isto é porque os produtores se empenham para superar algumas barreiras. A falta de logística é o principal entrave.

– É muito bom plantar em Sorriso, mas estamos na região com pior logística do país, com maiores custos de produção e menores preços – afirma o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Laércio Pedro Lenz.

O saldo entre o esforço no campo e a superação de obstáculos é o reconhecimento. Sorriso é considerada a capital nacional do agronegócio. Basta olhar para a história da cidade para confirmar: não faltam justificativas para este título.