Chuvas podem diminuir até 20% nas áreas de café nos próximos anos

Mudanças no clima nas próximas décadas devem alterar os períodos de veranicoO volume de chuvas nas áreas produtoras de café pode diminuir até 20% nas próximas décadas. Este é um dos alertas dos meteorologistas que participam da Feira Nacional de Irrigação em Cafeicultura, em Araguari, Minas Gerais, nesta semana.

Nesta quarta, segundo dia da 20ª Fenicafé, os meteorologistas discutiram os efeitos das mudanças climáticas nas áreas produtoras de café e a necessidade de reciclar os conceitos de irrigação. Para os próximos anos, a tendência é que o volume anual de chuvas nas principais áreas produtoras de café tenham uma redução de 10% a 20%. A instabilidade climática deve aumentar os riscos de geada e a temperatura média diária. Existe também a possibilidade de alteração no período do veranico.

– É possível que esse veranico sofra uma pequena variação, possivelmente começando no final de dezembro e adentrando janeiro, e que fevereiro, ao contrário do que acontece, passe a ser um mês um pouco mais chuvoso – aponta o meteorologista e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas Luis Carlos Molion.

Para evitar perdas de produtividade, o produtor precisa se adaptar a essas alterações climáticas. Ficar atento aos períodos de plantio e investir em técnicas de manejo.

– Café é uma planta perene, então tudo o que o agricultor investir nela, desde a muda, com covas profundas com mais nutrientes, mais matéria orgânica que conserva água, ele estará investindo no futuro porque a planta crescerá sadia, com sistema radicular bastante volumoso. Desse modo, mesmo em veranicos de duas a três semanas, a planta tem de onde tirar água – aconselha Molion.

Para o gerente-geral da Embrapa Café, Gabriel Morales Garcia, o problema não é a falta de água mas a gestão dos recursos hídricos. Ele afirma que o produtor precisa conciliar o manejo das lavouras com técnicas eficientes de irrigação.

– Nessa tecnologia de stress hídrico controlado por exemplo, nós suspendemos a irrigação por um determinado período. Essa suspensão deve ser iniciada mais ou menos em meados de junho e estendida até início de setembro quando se retorna novamente a água. Nesse período a planta estabiliza o crescimento vegetativo e promove o desenvolvimento das gemas, quando você retoma a água você tem um desenvolvimento bastante uniforme e, como consequência, uma maturação uniforme – explica Garcia.

A técnica possibilita uma redução de 30% no consumo de água e energia. Uma boa notícia, afinal de contas a irrigação está mais cara. Além disso, a possibilidade de um novo aumento nas contas de energia e de água deixa os produtores em estado de alerta.

Fenicafé

A Fenicafé é a maior feira de irrigação e tecnologia para a cadeia produtiva cafeeira, e acontece até esta quinta, dia 5. A feira reúne três grandes eventos: XX Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura do Cerrado, XVIII Feira de Irrigação em Café do Brasil e o XVII Simpósio de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada.

O evento é promovido pela Associação dos Cafeicultores de Araguari e a Federação dos Cafeicultores do Cerrado, com apoio da Embrapa Café, Consórcio Pesquisa Café, Universidade de Uberaba e Prefeitura Municipal.

O evento apresenta os resultados de trabalhos de pesquisa com ênfase no uso correto da irrigação e nos seus ganhos de produtividade e qualidade.

Editado por Gisele Neuls