Veja por que a recuperação do pasto traz economia

Degradação de pastagens eleva os custos e diminui o ganho de peso do animal. Por isso especialistas explicam por que não vale a pena deixar o solo estragar seriamente

Fonte: Henrique Bighetti/Canal Rural

A degradação de pastagens que já era algo preocupante no passado, agora ganha ares dramáticos em algumas propriedades do país. Segundo a Embrapa aproximadamente 130 milhões de hectares de pastos se encontram com algum estágio de degradação. A saída? Investimento na recuperação do solo, garantem especialistas.

O pecuarista José Piacentini é um destes casos e anda bastante preocupado. O pasto dele está muito degradado. Houve um aumento grande no número de plantas invasoras na pastagem do rebanho. Ele conta, inclusive, que até já perdeu animal que se intoxicou ao comer folhas nocivas à saúde. “Não teve cura e perdi o animal. Então eu tenho que fazer o manejo e controlar, não deixar o animal comer as pragas, ir eliminando as pragas e assim por diante”, conta ele.

Outra medida tomada pelo pecuarista foi mais radical, pois o gado que antes ficava a maior parte do tempo solto no pasto, agora segue preso no curral. Só que essa escolha de proteger o rebanho trouxe mais custos para o produtor. “Estou dando ração e cana picada, porque senão o animal passa fome, já que o pasto não suporta a lotação”, explica Piacentini. “Estou gastando mais, bem mais aliás. Por que se não o gado perde peso.”

Na propriedade que fica em Piracicaba, interior de São Paulo, é possível encontrar facilmente os sinais de degradação da pastagem. Além das plantas invasoras que começaram a crescer, há também perda da coloração verde do pasto, falhas no solo, e o pior dos problemas, a erosão. “Erosão é a perda de um solo já com nutrientes. Então esse é o pior problema que um pecuarista poderia enfrentar em seu negócio”, diz o agrônomo Gustavo Vieira.

Para o analista de mercado, Maurício Nogueira, essa é a prova da falta de investimentos no solo e na renovação das pastagens. “Se analisarmos o custo dos pastos em degradação dentro de uma fazenda, veremos que eles representam mais ou menos 30% dos custos de produção”, afirma ele.

Para economizar, os especialistas recomendam aos produtores que não deixem a situação se alastrar. Caso contrário, um pasto que precisaria apenas ser recuperado, vai precisar de uma reforma completa, o que acaba saindo muito mais caro. “Quando falamos de recuperação, estamos pensando em uma situação que o pasto está lá ainda, mas se degradando. E ai a coisa é mais simples e barata”, garante Nogueira.

Ele explica que se o caso é de reforma completa o caso é mais sério e bem mais custoso. “Na reforma você fará tudo de novo. Arar, gradear, replantar o capim. Se comparar o custo da recuperação com a reforma, o primeiro custa metade do do segundo e você ainda não tem que parar de usar o pasto. Então é muito vantajoso para o pecuarista adotar a recuperação de pastagem dentro da fazenda dele”, frisa o analista.

Para se ter uma ideia, com a reforma completa do pasto o pecuarista gastará de R$ 2,8 mil à R$ 3,2 mil por hectare. Já na recuperação o valor gira em torno de R$ 1,5 mil por hectare. Mas, de nada adianta investir na pastagem, caso os cuidados não continuem depois. “Não adianta o produtor fazer uma pastagem bem implantada, caprichar na adubação e colocar os animais depois uma quantidade maior do que esta pastagem pode suportar. Isso aí no longo prazo vai começar um processo de degradação novamente. Então é importante fazer uma reforma bem feita e depois fazer o manejo dos animais, quanto manejo nutricional da planta com a reposição dos nutrientes que foi tirado da área”, finaliza Nogueira.