Soja sem certificação dá prejuízo de R$ 145 milhões por ano em SC

Cerca de 1,2 milhão de sacas deixam de ser produzidas todo ano por conta do uso de insumo sem procedência; campanha quer conscientizar agricultores

Fonte: Embrapa/divulgação

Em Santa Catarina, o uso de sementes de soja sem certificação gera prejuízo de R$ 145 milhões por ano e limita a produção do grão no estado. Entidades do setor criaram uma campanha para conscientizar o produtor sobre os impactos do material de baixa qualidade no dia a dia da atividade.

O estado é o quarto maior produtor de sementes do país, com cerca de 8 milhões de sacas por safra. São mais de 650 mil hectares destinados ao cultivo do insumo em Santa Catarinense – porém 35% da área está fora do sistema de certificação.

Esse contingente é formado por agricultores que produzem semente a campo, diz o presidente da Associação dos Produtores de Sementes e Mudas de Santa Catarina (AproseSC), Marcelo Fortes. Esse grão de baixa qualidade, afirma, é utilizado na safra seguinte pelo ‘próprio produtor ou por algum vizinho.

Nos últimos dois anos, o uso de sementes sem procedência no cultivo da soja no estado aumentou em 5%. Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja do estado (Aprosoja-SC), Cláudio Hartmann, o aumento no custo do insumo estimula mercados alternativos. Segundo o dirigente, o produtor passa a considerar alto o preço dos produtos de maior tecnologia, e começa a utilizar sementes piratas ou as que salva de um ciclo para outro. “Mas, se ele fizer bem as contas, vai ver que, mesmo salvando as sementes, vai enfrentar condições inadequadas de conservação e doenças”, diz o dirigente.

De acordo com as entidades catarinenses, cerca de 1,2 milhão de sacas de soja deixam de ser produzidas todos os anos por conta do uso de sementes sem procedência. Já o prejuízo financeiro está na casa de R$ 145 milhões. Para reduzir o prejuízo, a AproseSC criou uma campanha que pretende reduzir em 5% a produção de sementes fora do sistema de certificação na próxima safra. O objetivo é “moralizar” o setor e fortalecer os produtores de sementes, de acordo com o presidente da entidade.

A Copercampos pretende aumentar em 50% a quantidade de sementes na próxima safra. Na opinião do presidente da cooperativa do oeste catarinense, Luiz Carlos Chiocca, isso dará maior liberdade de comercialização à empresa e estreitará a parceria com clientes. “A cooperativa está ampliado de 500 mil para quase 800 mil sacas nesta próxima safra e fazendo frente a essa nova modalidade comercial”, afirma.