O que levar em conta para cultivar hortaliças hidropônicas?

Canal Rural Responde traz dúvidas de telespectadores e mostra um caso de sucesso do produtor paulista Cleiton BrasílioO cultivo de hortaliças hidropônicas dispensa o uso do solo e gera um produto com qualidade muitas vezes superior e de alto valor agregado. No quadro Canal Rural Responde desta sexta, dia 5, conheça mais sobre esse mercado.

O preço para cultivar hortaliças sem o uso do solo pode variar de R$ 20 a R$ 120 por metro quadrado. O calculo é do produtor especializado em hidroponia Cleiton Brasílio, de Bragança Paulista. Ele também tem uma empresa de montagem de estufas. De acordo com Brasílio, o investimento inicial é a única desvantagem do negócio. Porém, o retorno é rápido. A estufa se paga em até dois anos. A demanda por produtos hidropônicos tem aumentado. A qualidade e a higiene das hortaliças chamam a atenção dos consumidores.

– Como ela [hortaliça] está na bancada, não tem muito contato com pessoas, está num nível mais alto, sem contato com animais. Na hora de colher, não precisa lavar em outra água. Você já pode colher embalar direto – conta o produtor.

Um dos sistemas mais utilizados é NFT ou fluxo laminar de nutrientes. A estufa precisa ter bancadas, canaletas para abrigar as mudas, reservatórios e bombas. A solução que contém os nutrientes necessários para o crescimento das plantas passa pelas raízes e volta para o reservatório. Não há desperdício de água. A concentração de nutrientes deve ser monitorada regularmente e reposta conforme a necessidade. Para o engenheiro agrônomo Paulo Acedo, antes de começar a produzir é fundamental analisar o principal item desse sistema: a água.

– É preciso ter uma água sem nenhum tipo de contaminação, porque para fazer a sua solução, o produtor precisa de uma água de boa qualidade. Ele precisa analisar sua água, ver se ela vem de um poço semiartesiano, se vem de uma mina – explica o engenheiro agrônomo.

Folhosas como alface, rúcula ou cheiro verde se adaptam muito bem ao sistema. Em uma área de 1 mil metros quadrados, é possível cultivar 12 mil plantas. A mão de obra também é menor se comparada ao método tradicional. Uma única pessoa consegue cuidar de 10 mil plantas. O risco de pragas também é menor neste ambiente controlado.

A rentabilidade talvez seja o principal atrativo deste sistema. O produtor consegue vender um pé de alface, por exemplo, pelo dobro do valor do convencional ou até mais. Outra vantagem é a quebra muito pequena – apenas 2%, em média. Em uma bancada com 300 plantas, cerca de seis não chegam ao mercado, por exemplo.

Com manejo adequado, não há surpresas na hora da colheita. Hoje, Brasílio vende cada pé de alface por R$ 1,75. O preço oscila pouco durante o ano. 

– Ele tem quase o mesmo custo de produção do da terra, mas o valor de venda é o dobro. Você consegue ter estabilidade na produção, entregar quantidade todo mês e, sendo assim, manter seu cliente – destaca.

A bomba funciona sozinha durante o dia. Mas é preciso ficar alerta. A falta de energia pode comprometer o cultivo. As hortaliças podem ficar, no máximo, uma hora sem água. De acordo com o produtor, outro detalhe importante é fazer a colheita sempre com a bomba em funcionamento. A raiz úmida aumenta a sobrevida do produto.

– Como a planta se alimenta pela raiz, ainda fica um pouco de alimento ali na raiz úmida, então, mesmo depois que você colhe, a hortaliça ainda tem nutrição.

O engenheiro agrônomo Paulo Acedo aconselha fazer uma pequena pesquisa de mercado antes de investir em uma estufa.

– O primeiro fator, eu acho o mais importante, da pessoa interessada em entrar em um sistema desse, é analisar o mercado. É importante ver onde você vai vender seu produto. Acho que o primeiro passo antes de qualquer coisa dentro da sua propriedade é ver fora da propriedade. Tendo pessoas para comprar o produto,  já dá para montar esse sistema: conseguir a água e ver qual o tamanho necessário do sistema para atender a demanda – aconselha.

CANAL RURAL RESPONDE

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