Produtor diminui incidência de pragas na lavoura utilizando cobertura de trigo

Agricultor conta que em pivôs que estão produzindo a 15 anos, o resultado da presença do cereal é visível

Fonte: Antonio Costa/AENPr

O produto rural Lino Ambiel, de Nova Mutum (MT), tem diminuído os problemas causados pela presença de nematoides na lavoura de soja utilizando a palhada de trigo na cobertura de solo. Além disso, ele conta que em pivôs que estão produzindo a 15 anos, o resultado da presença do cereal é visível.

“Onde planta, já no ano seguinte, o feijão fica um pouco melhor e o soja em cima da palhada de trigo agora está a coisa mais linda”, diz Ambiel.

O coordenador da Câmara Setorial do Trigo, Hortêncio Paro, disse que já é sabido que o trigo impede que a multiplicação do Patrilenkos e do Rotylenchulus na raiz do cereal. “Tem também a possibilidade de controlar folha larga a custo baratíssimo, com herbicidas próprios do trigo”, conta.

Além de controlar os parasitas, o cereal se mostrou muito produtivo. Ambiel vem realizando testes com duas variedades e está satisfeito com os resultados.

“Estamos há seis anos fazendo testes, plantando um hectare. Este ano, plantamos um pouco mais e a produção foi excelente, dentro do esperado, cerca de 77 sacas por hectare; e o clima foi excelente, não teve problema nenhum as pragas todas controladas”, afirma Ambiel.  

Paro diz que a ideia é bater meta no irrigado, estipulada de 70 sacas ou mais por hectares. “Estamos conseguido coisas próximas disso, até um pouquinho mais. No sequeiro, trabalho com meta de 35 a 40 sacas por hectare. A qualidade produzida aqui, mesmo um 404 que lá embaixo dá 240 ou 230 de força de glúten, aqui ele dá 315 a 320. O mesmo 404 que lá embaixo é trigo pão, passa a ser melhorador. Isso tudo é vantagem que o Mato Grosso tem e precisa saber explorar”, diz.

Problema nos preços

Se por um lado o desempenho é comemorado, a comercialização ainda é o desafio, segundo Ambiel. “No Paraná, o trigo está em torno de uns R$ 35. Descontando frete daqui até lá hoje, vai te sobrar uns R$ 20 a saca, e o custo dessa produção como ficou para vocē por hectare? Gerou em torno de R$ 2,4 mil por hectare. Quanto seria o preço ideal para poder pelo menos garantir esse custo de produção? Hoje, para você ter lucro, tinha que vender a, no mínimo, R$ 45 a saca. Com os preços ofertados, o prejuízo é grande. Tenho três mil sacas dentro do barracão e não sei o que fazer com elas”, explica.

Outros agricultores também não conseguiram vender o trigo que colhido em 2017. Toda produção está armazenada nas fazendas, pois a região não tem um moinho. “Nós temos um projeto da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), o moinho Belarmina, que está desativado”, conta Paro.

O coordenador da Câmara Setorial do Trigo defende que em caso de projetos onde a empresa não consegue gerir, a União deve assumir e colocar outro empresário. “O que não pode é um empreendimento financiado pelo governo ficar parado. Arrenda ou vende ou conduz o moinho”, diz.

Paro comemora a possibilidade de um novo grupo criar um moinho no distrito industrial da região, com capacidade de até 100 toneladas por dia de consumo de grão. “Espero que dê certo para termos essa opção de comercializar o trigo, porque esse tem sido o nosso gargalo: produzir trigo para vender baixo, com esse custo de logística. Não é econômico, não adianta insistir, por isso que nós paramos de incentivar o produtor enquanto não tiver comercialização dentro do estado, não dá para plantar trigo comercial aqui”, afirma.