Preço do frete sobe 10% em um mês e combustíveis devem encarecer ainda mais

Pesquisador aponta que aumento aconteceu pela intensificação da colheita do milho no mês de julho

Fonte: Canal Rural/reprodução

Um estudo mostra que o preço do frete entre junho e julho subiu 10% no Brasil, representando 40% do custo de produção do agricultor. Além disso, a alta do diesel promete trazer ainda mais despesas, podendo prejudicar o preparo da próxima safra.

De acordo com o pesquisador do setor de logística da Esalq/USP, Fernando Bastiani, o aumento no frete aconteceu pela intensificação da colheita do milho no mês de julho. “Ela aconteceu porque o clima está favorável e regiões como Mato Grosso e Goiás precisaram atrair veículos para escoar esse produto até o seu destino”, disse.

As maiores distâncias, como o percurso entre Sorriso (MT) e o Porto de Paranaguá, são as mais atingidas. Antes do reajuste, o trajeto de 1,6 mil quilômetros custava R$ 256 por tonelada e, agora, esse valor passou para R$ 280.

“O frete deve continuar aumentando porque a colheita do milho deve continuar forte nas primeiras quinzena de agosto. Além disso, o preço da soja aumentou no mercado externo no último mês e deve haver uma janela de exportação também nesse mês de agosto”, comentou Bastiani.

Impostos e perdas

O aumento anunciado pelo governo no PIS/Cofins sobre o diesel também vai refletir em uma alta de quase 4% no preço do frete nas próximas semanas. O presidente do Sindicato Rural de Sorocaba, Luiz Antonio Marcello, disse que o reajuste vai atingir não só produtor na hora de escoar a produção, mas também quando ele for receber os insumos para o plantio.

“Os insumos vem por frete também. Eles são mais caros para o produtor, porque impacta até chegar na propriedade. Aí, da porteira para dentro, tem os tratores e demais maquinários funcionando com diesel. Depois da colheita, o aumento vai também para o consumidor e, com isso, as duas pontas acabam sofrendo as consequências no momento errado”, comentou.

Atualmente, cerca de 40% do custo operacional do produtor de grãos está no frete.  Poucos possuem armazenamento dentro das propriedades, o que poderia diminuir os custos. De acordo com o consultor em logística Renato Pavan, o maior problema não está no aumento do diesel, mas na perda de produção na colheita e transporte até o destino final.

“Falta armazém no Brasil e a carroceria do caminhão acaba cumprindo esse papel.  Então, se você aumenta brutalmente a safra, pode até dobrar o preço do frete. Para ter a menor perda na colheita, é preciso colher com 17% de umidade, porque as carrocerias não estão adequadas para trabalhar a granel”, disse.