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Agricultura familiar: Congresso conservador será desafio, avalia Contag

A bancada que representa o setor está de olho na corrida presidencial e já planeja estratégias de diálogo com os possíveis governantes

Apenas 114 parlamentares, entre deputados e senadores, que integram a bancada da agricultura familiar conseguiram se eleger e continuarão no Congresso em 2019. De acordo com a assessora legislativa da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) Adriana Fetzner, o desafio do setor não será apenas o número de membros, mas o perfil conservador do Congresso. “Esse grupo vem bastante renovado e a gente não conhece muito o perfil deles. Sabemos que muitos vêm da área da segurança. Não temos muita compreensão de qual é a leitura que eles fazem das propostas do segmento da agricultura familiar”, diz.

Para o deputado federal Heitor Schuch (PSB-RS), o setor precisa de um ministério próprio para discutir políticas específicas. “Os temas do crédito fundiário precisam de mais recursos. Nós não vivemos sem assistência técnica, e o que está aí não nos contempla”, exemplifica. Outras reivindicações são políticas de sucessão familiar no campo e a retomada da distribuição de terras na reforma agrária.

A bancada também projeta estratégias para diálogo com o novo governo, com base nos programas de governo. Segundo Adriana, o presidenciável Fernando Haddad (PT) inclusive já acatou propostas da Contag. “A gente sabe que a recuperação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e inclusive as políticas que citamos anteriormente”, cita. Já o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, é uma incógnita para o grupo. “No programa, ele não fala de agricultura familiar. A Contag vai manter a sua tradição de proposição, pressão e negociação. Do DEM ao PSol, a gente conversa com todo mundo”, pontua.

O deputado federal do PT Bohn Gass diz que o país encontra-se diante de uma bifurcação: “de um lado o abandono de políticas públicas para a agricultura familiar, do outro lado a possibilidade de retomada do MDA com políticas que façam tragam estímulo à produção familiar, com pessoas e com qualidade alimentar”, defende.

Lucas Fernandes, analista político da Barral M. Jorge, por sua vez, acredita que existe espaço para as pautas da AF mesmo em um eventual governo de Bolsonaro. “A proposta do candidato é unificar algumas pautas. O Mapa vai ser agregado ao Ministério do Meio Ambiente, algumas outras pastas de desenvolvimento agrário. Nesse sentido, será muito mais direcionada a interlocução dos deputados e a fiscalização das políticas públicas que serão implementadas”, argumenta.