Mercado e Cia

Investimento de US$ 30 bi no Cerrado não é moratória da soja, diz Cargill

Paulo Sousa, diretor do departamento de grãos e processamento, explica que o valor será destinado para que os produtores tenham saídas para o desmatamento

A multinacional americana Cargill, empresa voltada à produção e o processamento de alimentos, anunciou nesta ano um fundo de investimento no valor de R$ 30 milhões para a preservação ambiental do Cerrado brasileiro. Porém, a companhia diz que isso não significa moratória da soja no bioma.

Paulo Sousa, diretor do departamento de grãos e processamento da Cargill na América do Sul, explica que o valor será destinado para que os produtores tenham saídas criativas para o desmatamento. “Atualmente o Brasil é um dos maiores exportadores de soja do mundo, ou seja, é um negócio grande e muito importante para nós todos. Estamos muito honrados em fazer essa posição de destaque, uma ligação entre campo e os mercados globais”, afirma.

“Claro que nos beneficiamos com todo o crescimento dos produtores, crescimento de mercados, volumes e fronteiras. Porém, o mundo de hoje é diferente de um mundo de 20 anos atrás, porque grande parte dos grandes clientes globais não querem ver o seu nome ligado a alguma coisa que não seja sustentável, desde o desmatamento até ao bem estar animal”, completa Sousa.

O diretor afirma que, apesar de termos o “melhor Código Florestal do mundo”, o país ainda não conseguiu uma forma de colocar as normas em práticas. “Infelizmente ele não está totalmente implantado. Enquanto isso não acontece, temos esse dilema: como lidar com isso? A Cargill tem duas grandes preocupações: a primeiro, bem-estar do produtor; e a segunda, o desenvolvimento das comunidades produtoras. Não tem como tomar uma posição como por exemplo que a gente não quer desmatamento algum mas queremos desenvolvimento de rendas de quem produz”.

Como será usado

Segundo Paulo Sousa, o investimento da Cargill – que corresponde a cerca de R$ 115 milhões – será utilizado para patrocinar ideias que farão bem à sociedade. “O nosso intuito é incluir universidades, centros de pesquisas, associações de produtores e até mesmo ONGs, para unir as ideias para que o produtor tenha também vantagem em conservar a área que ele possui na propriedade, que ele possa legalmente desmatar”, afirma.