Imposto pode representar até 55% do preço da cerveja

Carga tributária encarece os produtos e limita o público atingido pelas bebidas artesanais, segundo empresários

Fonte: Henrique Bighetti/Canal Rural

O Rio Grande do Sul tem o maior o maior número de microcervejarias do país, contando com mais de 100 indústrias. No entanto, a cadeia precisa de avanços em fatores importantes, como a carga tributária, por exemplo. Para se ter uma ideia, o imposto representa mais de 35% do valor da cerveja, segundo a Academia Brasileira de Direito Tributário. No caso do empresário Fernando Maldaner, os tributos chegam a 55% do total.  

“Vendendo uma cerveja daqui a pouco a R$ 10, R$ 15 ou R$ 20, você acaba atingindo um público muito restrito, fazendo com que não tenha tanta venda”, conta Maldaner.

Para estimular a economia local e a cadeia produtiva, o governo do estado criou a rota da cerveja artesanal. Ao todo, 22 municípios fazem parte da área. “Nós temos acompanhado esse setor que se modernizou com alta tecnologia, e que, consequentemente, por esses investimentos feitos, vem crescendo de forma sólida e produzindo um produto de alta qualidade”, afirma o secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, Ernani Polo.

Segundo o deputado estadual e autor do Projeto de Lei, Elton Weber, é possível reduzir o tributo para esse mercado. “Acreditamos que podemos, junto com o executivo estadual e porque não dizer também a nível federal, procurar programas de fomento. Primeiro, podemos trabalhar isso com o governo do estado, para que o segmento específico do cervejeiro artesanal tenha um tratamento diferenciado. É o que acontece já em outros setores econômicos”, conta.

 

Tarcísio José Minetto, secretário de desenvolvimento rural, acredita que a demanda por cevada pode estimular a produção no estado. Nos últimos três anos, o cultivo cresceu, chegando a 51 mil hectares no estado em 2017.

Há seis anos, Maldaner abriu uma fábrica de cerveja artesanal, em Nova Petrópolis (RS). Por mês, são produzidos 15 mil litros lá. Para ficar com sabor e aroma característicos, a cerveja precisa de um insumo que é raro aqui no país: o lúpulo. A empresa importa aproximadamente cinco quilos por mês, o que custa em torno de R$ 2 mil à indústria.

“Existe muito custo envolvido através da logística, do desembaraço aduaneiro, da questão de impostos, então facilitaria muito ter um produto nacional”, conclui o empresário.