Gripe aviária: chegada ao Brasil é questão de tempo, diz governo

Ministério da Agricultura garante, entretanto, que país está preparado para combater o vírus e manter sanidade do plantel nacional

Fonte: Lucas Scherer Cardoso/Embrapa

A gripe aviária já circula em mais de 30 países e, segundo o governo brasileiro, a chegada da doença ao país é questão de tempo. Mas o Ministério da Agricultura garante que o Brasil está preparado para combater o vírus causador da doença e garantir a sanidade do plantel.

O alerta foi reforçado com o aparecimento da gripe no Chile, primeiro país sul-americano atingido pela doença. Segundo o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Luis Eduardo Rangel, a chegada ao Brasil não deve ser descartada, mas há fatores positivos a serem levados em conta com relação ao caso chileno. Um deles é que o vírus lá detectado seria de baixa malignidade; outro fator favorável é o fato de os dois países não fazerem fronteira. 

“Não ocorreu ainda nenhum caso de alta patogenicidade em aves migratórias no Brasil, mas estamos preparados para eventual ocorrência disso, caso ocorra”, diz Rangel.

Biossegurança

Com o alerta do governo, os aviários nacionais precisaram reforçar medidas de biossegurança, como limitar a entrada de pessoas estranhas em granjas, entrevistar visitantes e exigir banho e vestimenta especial. O consultor de Defesa Agropecuária da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Décio Coutinho, lembra que a segurança sanitária não deve ser entendida como custo, mas como investimento. “É importante que todos, da menor à maior granja, apliquem o manual de biosseguridade em seus estabelecimentos”, diz.

O presidente da Associação Brasileira dos Avicultores Integrados (Abai), Fernando Ribeiro, afirma que é importante que os criadores relatem às integradoras eventuais mortalidades de aves acima do normal. “(A partir disso,) A integradora começa a fazer suas avaliações e os exames necessários para verificar se essa anormalidade é tranquila ou tem alguma outra consequência maior”, diz.

Laboratórios

Com o avanço da epidemia mundial, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) solicitou ao Ministério da Agricultura a habilitação de novos laboratórios para detectar possíveis focos de gripe aviária. Atualmente, são 600 unidades credenciadas, segundo o governo, além de uma central, o Lanagro, em Campinas (SP). O pedido ainda não foi atendido, mas, segundo Eduardo Rangel, isso deve ocorrer até o fim de janeiro.

O governo assegura que as medidas de controle estão prontas para serem acionadas. O secretário de Defesa Agropecuária afirma que, uma vez identificado com segurança o vírus, seria feita a notificação aos organismos internacionais e implantado o plano de contingência. “A gente aniquila completamente os plantéis em que isso ocorrer, neutralizando num raio de 25 km todos os possíveis focos dos organismos, e vai monitorando para fazer o controle”, diz Rangel.