Governo Temer completa 1 ano e ainda divide opiniões

As reformas propostas pelo presidente agradam parcela do empresariado e geram desconfiança por parte do trabalhador

Fonte: Beto Barata/PR

O governo Temer completa um ano nesta sexta-feira, dia 12. O presidente ainda divide opiniões no país, mas a maior parte dos economistas acredita que as medidas tomadas por Temer atraíram investimentos e vão mudar o rumo do país, apesar da resistência encontrada nas ruas, já que parte da população acredita que as reformas vão acabar pesando no bolso de todo contribuinte.

“Minha primeira palavra ao povo brasileiro é a palavra de confiança. Confiança dos valores que formam o caráter da nossa gente, na vitalidade de nossa democracia, da recuperação da nossa economia nacional, nos potenciais do país, na suas instituições sociais e políticas e na capacidade de que unidos poderemos enfrentar os desafios deste momento que é de grande dificuldade”, disse Michel Temer assim que assumiu o poder em 12 de maio de 2016.

A fala do presidente fez o mercado responder de imediato. A taxa básica de juros passou de 14,25% em 2016 para os atuais 11,25% e a inflação, que de janeiro a abril de 2016 estava em 3,25% por cento, agora está 1,10%, apresentando queda enquanto outro indicador, o Produto Interno Bruto (PIB), se recuperava dos -5,4% ao ano nos quatro primeiros meses de 2016, passando para o atual saldo positivo de 1,9% ao ano.

“A reação dos investidores foi positiva porque se tinha uma perspectiva de condução econômica muito ruim do governo anterior, independente de qualquer vertente política.Toda perspectiva de mudança foi considerada positiva e, óbvio, que no início o mercado teve um momento exagerado, tanto que os 3 primeiros meses acabaram sendo conturbados, mas efetivamente se viu um trabalho congressual muito diferenciado no Brasil, pois O Congresso tem trabalho e avançado numa velocidade que não víamos no Brasil”, ressaltou o economista Jason Vieira.

O rombo nos cofres públicos, no entanto, não parava de crescer. Para impedir que o buraco fiscal ficasse ainda maior, logo veio o anúncio de diversas reformas econômicas.

A primeira das contas públicas, hoje beirando os R$ 555 bilhões de reais, foi a reforma administrativa que contou com o corte de cargos comissionados, renegociação das dívidas estaduais, repatriação de capital e aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da DRU, que ampliou de 20 para 30 o percentual que pode ser remanejado da receita de todos os impostos e contribuições sociais federais.

Para Jason, o esforço do governo está ajudando o país, apesar de ser demorado. “O fiscal no Brasil sempre foi protelado e existe sempre a impressão de que o dinheiro público era eterno e vinha de uma fonte inesgotável, o que não pode acontecer. O governo tem que entender que existem limites para os gastos públicos, incluindo o endividamento”, analisou.

Medidas pró-consumo

O governo apresentou também medidas para reduzir o endividamento e aquecer o consumo, como as novas regras para pagamento de cartão de crédito, utilização do saldo das contas inativas do Fundo de Garantia (FGTS) e redução da taxa de juros para financiamento imobiliário. Apesar disso tudo, o desemprego ainda é um ponto negativo neste primeiro ano do governo Temer, que viu o número de desocupados passar de 11,1 milhões no ano passado para 14 milhões em 2017.

Outro assunto, no entanto, é um dos que mais dividem as opiniões dos brasileiros. A reforma da Previdência, que de um lado é defendida pelo empresariado, tem gerado debate entre a classe trabalhadora. Neste sentido, Michel Temer tem encontrado dificuldades para aprovar a reforma.

“Ela segue aos trancos e barrancos, com negociações envolvendo diversos grupos, o que é natura. Se fosse algo fácil, reunião de condomínio seria uma maravilha e não é bem assim que acontece e olha que os interesses são bem mais convergentes que o Congresso Nacional”, analisou o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Felipe Serigati.

Aprovação popular

As reformas polêmicas, no entanto, acabaram derrubando o índice de aprovação do presidente junto à população. “Acho que ele tomou algumas medidas que acabaram comprometendo a própria credibilidade. Ele está com baixa aceitação do público e teve que se vender um pouquinho no Congresso para poder fechar as medidas que ele tanto precisa e, acho, que acabou pisando na casca da banana por causa disso”, avaliou o corretor de imóveis Ricardo Salvador.

O “escorregão” de Michel Temer pode ser ainda maior se a reforma não for aprovada, segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Claudio Felisoni. “Eu acredito que pecaram na comunicação e a necessidade dessas reformas. Não há duvidas e todos os especialistas são unânimes em dizer que, se essas reformas não forem aprovadas, nós estaremos numa situação sem nenhum futuro.”

Nas ruas, no entanto, a opinião é outra. “Temer está trabalhando para o empresariado de uma forma grotesca, porque não está havendo negociação com o trabalhador. Não existe nenhum tipo de consideração, pois ele só está vendo a parte do empresário”, disse o arquiteto Eduardo Rossato.

Dos grandes setores da economia brasileira, o do agronegócio foi o que menos sentiu os impactos da crise, pelo menos até agora. “Foi o que passou de forma mais ilesa e observamos uma projeção de crescimento forte para esse ano, embora 2016 tenha sio mais complicado. Assim como o ano passado não foi complicado por causa do Temer, mas porque São Pedro não colaborou, esse ano também não é mérito dele e sim de São Pedro, que deu uma boa colaborada”, avaliou Felipe Serigati.