Fundecitrus: incidência de greening é estável, mas continua alta

De acordo com o gerente geral do Fundo de Defesa da Citricultura, Juliano Ayres, São Paulo é a único centro de produção de citros do mundo em larga escala que vem conseguindo manter =competitividade mesmo com os efeitos da doença

Fonte: Pixabay/divulgação

O Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) divulgou nesta quinta-feira, 29, o relatório da incidência do greening no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro. De acordo com a análise, a incidência permaneceu no mesmo patamar dos dois últimos anos, em 16,73% das laranjeiras da região, considerado alto pela entidade.

Como a metodologia do levantamento amostral do Fundecitrus foi aperfeiçoada, a variação dos resultados dos anos anteriores é de aproximadamente um ponto percentual para menos. Portanto, o número consolidado de 2017 aponta para uma leve tendência de crescimento – dentro da margem de erro.

De acordo com o gerente geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, São Paulo é a única citricultura do mundo com produção em larga escala que vem conseguindo manter sua competitividade mesmo com os efeitos do greening. “São cerca de 32 milhões de árvores doentes (das 191,7 milhões do cinturão). O número absoluto é grande e preocupante. Isso significa que as ações preconizadas pelo Fundecitrus têm sido incorporadas por parte dos citricultores. Mas é preciso aumentar a participação e intensificar o controle porque o alastramento pode inviabilizar o parque”, avalia.

Na Flórida (EUA), estima-se que o greening esteja presente em 90% das laranjeiras. Em função da infestação desenfreada, a produção despencou de 169,7 milhões de caixas de laranja na safra 2006/07 para 68,5 milhões de caixas na safra 2016/17, segundo estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Setores e regiões

O cinturão citrícola de SP e MG é dividido em 12 regiões (cinco setores) – Triângulo Mineiro, Bebedouro e Altinópolis (Norte); Votuporanga e São José do Rio Preto (Noroeste); Matão, Duartina e Brotas (Centro); Porto Ferreira e Limeira (Sul); e Avaré e Itapetininga (Sudoeste).

O setor Sul é o mais afetado pelo greening, com 32,26% de plantas doentes, seguido pelo Centro (24,76%), Sudoeste (7,87%) e Norte (5,48%). O Noroeste é o menos comprometido, com 4,04% de incidência. Em relação às regiões, Limeira é a mais impactada, com 39,48% de árvores doentes.

Tamanho

Quanto menor a propriedade, maior a incidência de greening. Nas propriedades de até 10 mil plantas, o índice da doença está em 36,03%. Já nas propriedades de 10,1 a 100 mil plantas e de 100,1 a 500 mil plantas os níveis da doença estão, respectivamente, em 29,15% e 14,88%. As maiores propriedades, com mais de 500 mil plantas, são as menos atingidas, com 2,37% de incidência.

A proporcionalidade é explicada pelo chamado “efeito de borda”. A maior parte das árvores contaminadas estão nos primeiros 200 metros dos pomares, que são as portas de entrada para o psilídeo (Diaphorina citri), transmissor da bactéria que causa a doença. Nas propriedades menores, a representatividade do número de plantas na borda em relação ao número total de plantas é maior, daí a importância de ações como o manejo regional integrado, em que os citricultores de determinada região realizam pulverizações em conjunto, simultaneamente, de acordo com a população de psilídeo naquele momento.