Frio compromete café em Minas Gerais e produtividade será menor em 2017

Geadas de julho queimaram as ponteiras do broto de café e devem diminuir em até 10% a produção da próxima safra

Fonte: Roberta Silveira/Canal Rural

Produtores de café de uma das principais regiões produtoras de Minas Gerais respiraram aliviados nesta segunda-feira, dia 22, depois que a previsão de mais uma geada forte não se concretizou. Apesar disso, agricultores de Monte Sião, município nno sudoeste mineiro, lamentam as duas fortes geadas de julho que queimaram as ponteiras dos brotos de café e devem diminuir em até 10% a produtividade da próxima safra.

Depois de um fim de semana tenso, o cafeicultor Romildo Belinato até acordou mais cedo do que o normal para percorrer o cafezal de 30 hectares. Quando percebeu que a temperatura não estava tão baixa e as folhas continuavam verdinhas, o cafeicultor ficou mais tranquilo. “Acordei às 6h e já fui procurar saber se o frio estava realmente intenso, mas já fiquei aliviado quando vi que não estava tão frio”, disse.

Há dois anos, o clima no sudoeste de Minas Gerais vem encolhendo a produtividade das áreas. Primeiro foi a estiagem, que reduziu a colheita em pelo menos 15% e, logo em seguida, veio o estresse causado por períodos de frio intenso. “Os anos de 2014 e 2015 vieram com problemas de estiagem, gerando uma forte quebra, e a esperança seria a recuperação neste ano. Houve uma pequena recuperação, mas o frio veio e, com ele, a certeza de que vai ter uma queda para o próximo”, disse o técnico da Emater de Monte Sião, Marcelo Ângelo dos Santos.

Em Monte Sião, as fortes geadas de julho deste ano além de inutilizarem pés recém-plantados, provocaram a queima do chamado broto do café. Um dano que só deve ser recuperado nas próximas duas safras.  “Você vai ter que aplicar alguns produtos preventivos e até alguns curativos para não deixar a entrada de doenças”, disse Marcelo.

A preocupação com a produtividade futura nos cafezais brasileiros movimenta o mercado que já segue agitado por causa dos baixos estoques mundiais do grão. Se esse ano o Brasil deve exportar menos que no ano passado, em 2017, quem conhece a atividade garante que o equilíbrio entre oferta e demanda vai depender da resistência das plantas às condições climáticas que vem por aí.

“A perspectiva de frio já é menor, então a gente vai trabalhar mais tranquilo. Se o clima contribuir, a gente vai ficar bem melhor”, concluiu o cafeicultor Romildo Belinato.