Dólar praticamente estável ante o real após maior cotação em 10 anos

Moeda americana atingiu R$ 2,90 durante pregão, mas encerra o dia a R$ 2,879, variação de 0,01%Após superar R$ 2,90 pela primeira vez em mais de 10 anos na manhã desta segunda, dia 23, o dólar fechou estável em R$ 2,879, alta de 0,01%, com a ação de exportadores e operações de realização de lucros depois dos ganhos recentes limitando a alta. Na máxima da sessão, a divisa chegou a 2,9046 reais. Na mínima, foi negociada a 2,8715 reais.

Nesta manhã, o BC brasileiro vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 100 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.900 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 97,8 milhões.

O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 79% do lote total.

Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 859 milhões.

– Sempre que o dólar dá uma espichada como essa, é normal que haja alguns respiros no meio do caminho – afirma o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano.

Os mercados financeiros globais têm sido pressionados por preocupações com a possibilidade de os desentendimentos entre a Grécia e seus parceiros europeus levarem à saída de Atenas da zona do euro, em mais um golpe à frágil recuperação econômica global.

Na última sexta, dia 20, ministros das Finanças do bloco monetário chegaram a um acordo para estender o programa de resgate à Grécia por quatro meses, mas o país ainda precisa apresentar uma lista de reformas que deve ser aprovada por seus credores para ratificar o compromisso.

A Grécia entregaria a lista nesta segunda, mas uma autoridade do governo disse que o país vai entregar o documento na terça-feira e que o Eurogrupo havia concordado com a mudança.

– A Grécia precisa correr para assegurar o acordo. Até lá, o clima vai continuar pesado – comenta o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Investidores também seguiam mostrando preocupação com a deterioração dos fundamentos macroeconômicos do Brasil e, por isso, diminuindo o ritmo de compras de ativos denominados em real. Economistas consultados pelo Banco Central em sua pesquisa Focus reduziram novamente suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, projetando contração de 0,50%, ante 0,42% na semana anterior.

Por fim, as atenções voltavam-se ainda para a política monetária norte-americana. Na semana passada, a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed) chegou a trazer alívio ao câmbio, sugerindo que o banco central dos EUA poderia não dar início ao aperto monetário em junho, mas parte do mercado interpretou que o documento estava defasado por não refletir os mais recentes indicadores econômicos.

– O mercado quer acreditar que o Fed vai subir logo os juros, mas a comunicação deles está errática – afirma o operador de uma corretora internacional.

Nesta terça, dia 24, a chefe do Fed, Janet Yellen, falará a um comitê do Senado, em um pronunciamento que pode trazer mais clareza sobre as perspectivas para o aumento de juros na maior economia do mundo, que poderia atrair para fora do Brasil recursos externos.

Bovespa

A Bovespa fechou o primeiro pregão da semana praticamente estável, com forte alta dos papéis de empresas de educação e da fabricante de cigarros Souza Cruz ofuscando queda das ações da Vale e da Petrobras, em nova sessão de giro financeiro reduzido.

Após ajustes, o Ibovespa encerrou a segunda-feira com variação positiva de 0,08%, a 51.280 pontos. O volume financeiro alcançou apenas cerca de R$ 5,17 bilhões, abaixo da média do mês de R$ 7,2 bilhões.