Após Carne Fraca, pecuaristas de SP ainda não sabem o que fazer

Frigoríficos diminuíram o ritmo de abates e pagam menos pela arroba, já o criador tenta forçar preços maiores e arca com custo de manter animais no pasto

Fonte: Sepaf-MS

Pecuaristas de São Paulo tentam manter o otimismo, mas está cada vez mais difícil. Como se não bastasse o baixo consumo de carne bovina, a operação carne fraca trouxe reflexos pra toda a cadeia produtiva. De um lado, frigoríficos diminuem o ritmo de abates e pagam menos pela arroba e, de outro, o pecuarista tenta forçar preços maiores, mas arca com os custos de manter os animais no pasto.

Na cidade de Salto de Pirapora, no interior paulista, os pecuaristas estão receosos sobre o que fazer com o gado. Desde que começou a operação da Polícia Federal, a arroba do boi na região que estava em torno de R$ 152, despencou para R$ 138.

Para o pecuarista Giovani Otavio da Silva Tavares, a situação é complexa, “A gente não sabe para onde vamos, pois existe uma situação de segurança. Após a operação nós perdemos 10% em apenas uma semana e não sabemos o que fazer”, disse.

A dúvida para os pecuaristas está em vender ou não vender o boi com preço baixo. Apesar da queda no preço da soja e do milho, os custos ainda são altos em relação à arroba do boi. “Está impraticável hoje a gente tem que deixar a pasto. para ganharmos um tempo e ver qual decisão vamos tomar daqui a seis meses”, disse o pecuarista Marcio Antônio de Barros.

Mesmo sabendo que vai quer que arcar com os custos enquanto o animal estiver na propriedade, Giovani se mostra otimista e  acredita em preços melhores e cria estratégias pra que isso aconteça. “Nós estamos otimistas que o preço vai retomar, embora o consumo ainda seja baixo . No entanto, não tem boi no mercado e os pecuaristas estão otimistas para não vender, até o mercado entender que a arroba tem que melhorar”, falou,

Segundo o analista de mercado José Vicente Ferraz, no entanto, a situação não é das melhores e os preços não devem reagir de forma significativa. “Eu não acredito que os preços possam voltar aos patamares mais elevados que nós tivemos aí alguns meses atrás. Existem fatores estruturais que fazem com que esses preços fiquem reprimidos, incluindo o problema da falta de poder aquisitivo dos consumidores recorrentes, que dificilmente será superado a um curto prazo.”