Apenas 31% dos empregos no campo são ocupados pelas mulheres

A tendência, no entanto, é de que elas ocupem cada vez mais espaço no setor

Fonte: Albino Oliveira/MDA

Um estudo feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) estima que 31% dos postos de trabalho no campo são ocupados por mulheres. Mesmo em um ambiente dominado por homens, mulheres como a produtora Aida Mariua Rodrigues se destacam na atividade.

A agricultora de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, passou a trabalhar no campo já depois dos 50 anos, quando se aposentou e se mudou para a chácara da família. Além de vender cestas com os produtos que ela e o marido cultivam, ela também produz geleias para vender em feiras da região. “Depois que a gente colhe, acabamos indo para o fogão fazer as geleias. Tudo que a gente não consome vira doce ou a gente acaba vendendo na feira do produtor rural”, disse.

De acordo com a produtora, a rotina para produzir os alimentos é puxada e como a família não tem empregados, toda a produtividade depende do casal. “Nós não temos férias, porque os bichos precisam de alimentação e as plantas precisam de cuidado. Quando eu saio para passear com as meninas, o marido fica. Tem que gostar e, no meu caso, eu gosto muito”, falou.

Toque feminino

A produtora rural Celina Santos, ao contrário de Aida, cresceu no campo e revela que não consegue viver de outra maneira. Ela é responsável por manter a produção de orgânicos na propriedade e faz questão de participar de todas as etapas do processo.

Ela acredita que o toque feminino garante produtos melhores na mesa do consumidor e um preço melhor na negociação. “A mulher tem mais delicadeza em alguns trabalhos no campo, como na hora de limpar o canteiro em volta da planta, que é mais sensível, ou na hora da comercialização, com mais sensibilidade na hora de abordar o consumidor”, disse.

Participação n o mercado

Apesar de serem minoria no mercado de trabalho do agro, as mulheres demonstram cada vez mais interesse pelo tema, como revela o coordenador do Centro Estudos em Agronegócio (GV Agro), Roberto Rodrigues. “Eu comecei a dar aula há 50 anos e, naquele tempo, eu tinha de 5% a 7% de alunas na sala de aula em agronomia, veterinária, zootecnia, ciências florestais. Hoje, temos 50% de alunas, com uma participação que cresce de forma espetacular com uma característica: essas moças estão ganhando todos os prêmios na universidade”, disse.

Na visão de Roberto, o novo modelo de gestão da agricultora brasileiro tem participação importante das mulheres “formadas nas cadeias produtivas ligadas ao agronegócio”.

Exemplos da força no campo

 O Canal Rural convocou nesta semana a participação das mulheres que contribuem com seu suor e conhecimento para melhorar a cada dia a qualidade da agropecuária brasileira. Em apenas três dias, recebemos um grande volume de mensagens e fotos de vários cantos do Brasil.

Agricultoras, pecuaristas, zootecnistas, extensionistas, agrônomas, veterinárias, administradoras e técnicas: não importa o cargo, elas estão ocupando cada vez mais espaço no campo e dando vida nova para o agronegócio.

Veja, abaixo, as fotos dessas batalhadoras que, assim como todas as mulheres, merecem todas as honrarias neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher.