Antecipação do Plano Safra surpreende entidades do agronegócio

Parlamentares e representantes de associações de produtores se queixam de não conhecer conteúdo do programa e temem não haver continuidade com possível transição do governo 

Fonte: Pixabay

As entidades do agronegócio reclamam que não conhecem o conteúdo do plano que vai ser lançado. A Aprosoja Mato Grosso, por exemplo, encaminhou 25 sugestões para o Ministério da Agricultura mas não teve resposta se vai ser atendida.

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, marcou o lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2016/2017 para o próximo dia 4 de maio, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, com a presença da presidente Dilma Rousseff. A data surpreendeu entidades do agronegócio e parlamentares da bancada ruralista. Eles se queixam de não conhecer o conteúdo do programa e temem não haver continuidade numa possível transição do governo.

O vice-presidente da Federação da Agricultura de Goiás (Faeg) e presidente da Associação dos Produtores de Soja do estado (Aprosoja-GO), Bartolomeu Braz, lamenta que a ministra não tenha “trocado mais ideias” sobre o Plano Safra. Segundo ele, seria necessário ouvir mais proposições num momento politicamente conturbado como o atual.

Já o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS) afirma que não houve previsão sobre o anúncio. Em sua opinião, teremos um novo governo em breve. “Nós temos que estar com a certeza de que o que for anunciado tenha lastro, para que tudo não seja cancelado ou refeito dentro de poucos dias”.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Endrigo Dalcin, afirma que a entidade encaminhou 25 sugestões sobre o Plano Safra ao Ministério da Agricultura, e não teria obtido resposta. “Nós (o agonegócio) somos o que está dando superávit na economia. Largar um plano que influencia muito a nossa vida, sem nos consultar, é muito ruim”, diz Dalcin.

O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Junqueira, não espera por melhorias no Plano Safra, diante do cenário político e econômico do país. “Não estou confiante de que nos conseguiremos o mesmo volume de recursos e que seja possível manter os mesmo níveis de juros”.

O vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Nilson Leitão (PSDB-MT), afirma que o plano será usado politicamente para ajudar o governo da presidente Dilma. O quer seria fora de propósito, pois os setores ligados ao agronegócio não teriam como discutir esse assunto em que corre o processo de impeachment.

Boicote

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entidade da qual a ministra Kátia Abreu é presidente licenciada, informa que não irá à cerimônia de lançamento do plano nem enviará representantes. Nos bastidores, integrantes da entidade dizem que a decisão foi tomada porque o plano é considerado casuístico e as entidades do setor não foram consultadas. A CNA rompeu com Kátia Abreu dias antes da votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara.

O deputado Marcos Montes (PSD-MG), presidente da FPA, disse que debaterá o assunto na próxima terça-feira, dia 3, quando os parlamentares se reunirão para almoço semanal. A Aprosoja-MT também avalia a presença no anúncio do Plano Safra. “Estamos estudando se vamos ou não”, disse Endrigo Dalcin, presidente da entidade.

A ministra Kátia rebateu críticas e disse que o setor não sairá decepcionado. Ela afirmou, durante evento na tarde desta terça, que o plano está praticamente pronto. “Tenho certeza de que vão gostar. Desde que a presidente Dilma está aqui, não tivemos nenhum plano safra que decepcionou o setor e tenho certeza que não será esse que vai decepcionar”, garantiu.