Trigo gaúcho está parado em armazéns de fazendas e cooperativas

Moinhos estão lotados com cereal produzido fora do EstadoCom quase toda a lavoura de 40 hectares de trigo colhida, o produtor Claudino Nadal, 51 anos, de Passo Fundo, enfrenta um problema comum a todos os agricultores que apostaram no plantio do cereal este ano. Os moinhos estão empanturrados de trigo de fora do Estado, deixando armazéns de fazendas e de cooperativas cheios de uma safra à procura de comprador.

Nadal aumentou a área plantada de trigo este ano em 10 hectares ? no ano passado, cultivou 30. Diferentemente de 2007, quando o clima fez a produtividade ficar em torno das 25 sacas por hectare (o que resultou em prejuízos), esta safra trazia esperança.

? Nas primeiras tentativas para vender o produto, não consegui ? revela Nadal, que só depois de outras investidas teve êxito em fechar negócio com uma cooperativa.

Assim como o agricultor de Passo Fundo, a maioria dos triticultores enfrenta o mesmo problema. Sem ter para quem vender, cooperativas rejeitam o produto. Paulo Pires, agrônomo e presidente da Cooperativa Tritícola Regional Sãoluizense (Coopatrigo), de São Luiz Gonzaga, no noroeste do Estado, diz que os moinhos só estão comprando o que vão industrializar. Com 90 mil toneladas do cereal de 6 mil associados guardados em seus armazéns, a Coopatrigo não consegue receber novas cargas.

? Existe um pensamento no mercado de que as commodities vão baixar de preço. Por isso, há essa freada na compra ? explica Pires, dizendo que os moinhos esperam por preços menores do que os R$ 23 pagos por saca atualmente.

Com a expectativa de colher cerca de 1,8 milhão de toneladas de trigo, segundo a Emater, o Estado tem de enviar para outras regiões ao menos metade disso para que o restante seja vendido a preços atraentes no mercado interno. Moinhos de outras partes do país, habituais compradores do cereal gaúcho, estão de braços cruzados.

Para mudar este quadro e capitalizar o agricultor, Rui Polidoro, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), acredita que o governo federal deve entrar em campo.

? É preciso agilizar os mecanismos de venda da safra. Essa é a solução mais rápida e eficiente para resolver o problema ? avalia.