'Tenho a obrigação de provar a verdade', diz Maggi sobre delação da Odebrecht

Além do inquérito contra Maggi, o ministro do STF Edson Fachin, relator da Lava Jato, também determinou a abertura de processo contra outros oito ministros do governo Temer, 29 senadores e 42 deputados federais

Fonte: Manaíra Lacerda/Canal Rural

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, publicou em sua página no Facebook na noite desta terça-feira, dia 18, um comunicado sobre a citação de seu nome por delatores da Odebrecht. “Na última semana fui pego de surpresa ao ter meu nome citado na lista do Fachin. Desde então, tenho buscado acesso às informações já que agora a fase que segue é da materialidade. Na delação, eles mesmos admitem que nunca houve contato comigo”, disse o ministro se referindo às delações dos ex-funcionários da empreiteira João Antônio Pacífico Ferreira e Pedro Augusto Carneiro Leão Neto que afirmaram que o pedido de vantagem indevida teria partido do agente público estadual Éder de Moraes Dias, em nome de Maggi.

“Levantaremos as provas necessárias para provar que nunca recebi dinheiro de ninguém dessa turma, tenho a consciência tranquila e não entrei na política para decepcionar quem votou em mim. Estou confiante e, agora, vou trabalhar ainda mais para mostrar que não tenho nada a ver com isso. Nunca autorizei qualquer pessoa a cobrar dinheiro de ninguém em meu nome. Tenho certeza que este dinheiro não chegou à minha campanha, pois ninguém nunca conversou comigo sobre esse assunto. Logo as coisas estarão resolvidas”, completou Blairo Maggi em seu breve comunicado.

De acordo com os delatores, o repasse de R$ 12 milhões seria para as campanha do ministro ao governo estadual de Mato Grosso, em 2006.O pagamento teria sido feito pelo Setor de Operações Estruturadas, o chamado departamento de propina, da Odebrecht.

Além do inquérito contra Maggi, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Lava Jato, também teria determinado a abertura de processo contra outros oito ministros do governo Temer, 29 senadores e 42 deputados federais. No total, Fachin autorizou a abertura de 76 inquéritos para inverstigar políticos com foro privilegiado, citados em depoimentosde delação premiada de executivos e ex-funcionários do Grupo Odebrecht.

A decisão do ministro Edson Fachin foi assinada no dia 4 abril e estava prevista para ser divulgada após o feriado de Páscoa. No entanto, a divulgação foi antecipada para esta terça-feira, dia 11, depois que informações foram publicadas pelo jornal O Estado de São Paulo, que teve acesso às integras das decisões.

As delações da Odebrecht foram homologadas em janeiro pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, após a morte do relator, Teori Zavascki, em acidente aéreo. Foram colhidos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) 950 depoimentos de 77 delatores ligados à empreiteira.