Seca ameaça sequestro de carbono na Amazônia

Estudo envolveu 68 cientistas de 13 países que trabalham na Rede Amazônica de Inventários FlorestaisA Amazônia é mais sensível à seca do que se acreditava, segundo uma nova pesquisa conduzida na maior floresta tropical do mundo. O estudo, publicado na edição desta sexta, dia 6, da revista Science apresenta a primeira evidência sólida de que episódios de seca causam perdas massivas de carbono em florestas tropicais, principalmente por meio da mortalidade de árvores.

? Durante anos, a Amazônia tem ajudado a reduzir a velocidade das mudanças climáticas, mas confiar nesse subsídio da natureza é extremamente perigoso ? disse Oliver Phillips, professor da Universidade de Leeds, no Reino Unido, que coordenou o estudo.

Participaram da pesquisa diversos países, entre os quais o Brasil, representado por cientistas que integram o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, o Museu Paraense Emílio Goeldi, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, a Universidade Federal do Acre e a Universidade de Oxford.

? Se o sequestro de carbono realizado pelo planeta diminuir, ou se, em vez de sequestrar carbono as áreas de florestas emitirem, os níveis de dióxido de carbono aumentarão em uma velocidade maior. Por isso, cortes profundos nas emissões de carbono serão necessários para estabilizar o clima ?, destacou Phillips.

O estudo, uma colaboração internacional entre mais de 40 instituições, teve como base a extraordinária seca que afetou a Amazônia em 2005. O episódio ofereceu aos cientistas uma ideia dos efeitos das futuras mudanças climáticas na Amazônia. Estima-se que o aquecimento das águas do Atlântico Norte possa fazer com que a estação seca na Amazônia se torne mais intensa e mais quente.

O estudo envolveu 68 cientistas de 13 países que trabalham na Rede Amazônica de Inventários Florestais (Rainfor), iniciativa internacional de pesquisa que se dedica ao monitoramento das florestas ao longo de toda a região. A rede é coordenada pelas universidades de Leeds e de Oxford, no Reino Unido.

O artigo Drought sensitivity of the Amazon Rainforest, de Oliver Phillips, Luiz Eduardo Oliveira e Cruz de Aragão e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.