Saiba quais são os problemas dos produtores de milho

Colheita do cereal já começou e o agricultor tem motivos para ficar preocupadoA colheita do milho de segunda safra já começou e motivos para o agricultor ficar preocupado não faltam. Situações como o valor abaixo do preço mínimo em algumas regiões, muita oferta do cereal no mercado, gastos a mais com aplicações de inseticida e falta de subsídio no seguro rural já afetam o produtor do milho safrinha. 

Esses problemas mostram que o cenário para o milho brasileiro não será dos mais positivos. O Canal Rural separou os principais entraves dos produtores de milho nesta reta final da segunda safra.

Confira:

Preços abaixo do mínimo governamental

Os valores internos do milho estão nos menores patamares em mais de seis meses, segundo os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A produtividade maior que a esperada está pressionando os preços do cereal. A produção norte-americana também afeta nas cotações.

O mercado já chegou a ofertar R$ 12,50 por saca no leste de Mato Grosso, o que não cobre os custos de produção, que segundo produtores, está acima de R$ 14 a saca.  O preço mínimo estabelecido pelo governo nas diretrizes de política agrícola em Mato Grosso é de R$ 13,56. Levantamento da consultoria Safras&Mercado indica que as cotações variaram no estado entre R$ 13,50 até R$ 18,00.

Milho Bt sem eficiência

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) constatou que 69% dos produtores rurais entrevistados pela entidade estão fazendo até cinco aplicações de inseticidas no milho com tecnologia Bt. Na teoria, o produtor que opta por essa variedade não precisaria utilizar o produto por tantas vezes. Segundo a associação, isso gera um custo em dobro: semente mais cara e gastos acima do esperado com inseticida.

– Esse é um dado que mostra que deve haver mais atenção. Estão aplicando altas doses de inseticida em um milho que não precisaria dessa tecnologia, e se isso ocorre, é porque a tecnologia de combate já não está mais tão eficiente – ressalta Cid Sanches, gerente de planejamento da Aprosoja-MT.

Seguro rural

Mais de cinco mil produtores que contrataram seguro rural para o milho segunda safra esperavam o subsídio para proteger a safrinha. Os agricultores que contrataram a apólice contavam com os subsídios, e agora estão sendo cobrados pelas seguradoras. A subvenção do governo federal quita entre 40% a 60% do valor do contrato.

Segundo cálculo da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), R$ 60 milhões são necessários para quitar a subvenção do milho segunda safra. Porém, o setor de seguros e a própria Faep já receberam a informação de que não haverá esse recurso. Portanto, os produtores vão arcar com 100% desse custo.

Comercialização

Em Mato Grosso, o plantio de milho segunda safra ocorreu fora da janela ideal de cultivo por causa do atraso no calendário da soja. Mas as chuvas ajudaram, alcançando no mês de maio a maior média histórica no estado, o que contribuiu para o aumento de produtividade do grão. Com a demanda maior, o preço não será tão remunerador.

O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que o panorama que se forma no mercado de milho é nebuloso, e qualquer oportunidade de fechar negócios acima do ponto de equilibro deve ser bem aproveitada.

Ao contrário da opinião de outras consultorias, o analista da Céleres Consultoria Anderson Galvão acredita que cenário pode ser positivo a partir do segundo semestre. Em entrevista ao Mercado & Companhia, ele disse que o milho sustentará a renda do produtor. Dois fatores devem influenciar nessa melhoria.

– Parece um contrassenso, pois, de fato, o Brasil caminha para uma safra histórica de inverno, mas tanto a ligeira recuperação de preços quanto a produtividade forte vão ajudar o produtor a recuperar a renda. O produtor que aguardar até o segundo semestre terá uma expectativa melhor. O dilema muito grande é local de armazenagem – explica.

O analista da consultoria Safras & Mercado Paulo Molinari orienta os produtores a segurarem as vendas, para esperar melhores oportunidades de negócio.

Veja a entrevista do consultor Anderson Galvão: