Saiba quais são os desafios do jovem no campo

A tecnologia na agropecuária influencia na diminuição do êxodo rural e traz oportunidades de emprego e renda para jovens que são da cidade

Fonte: Lucas Nascimento/Seduc

A atividade rural impulsionada pela tecnologia abre espaço para jovens seguirem carreira profissional no campo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 6,5 milhões de jovens entre 18 e 32 anos vivem no campo e essa geração está optando, cada vez mais, por continuar na atividade dos pais, segundo a Confederação dos Trabalhadores na Agricultura.

“A Emater – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – tem direcionado seus esforços na questão de manter o jovem no campo e a gente tem trabalhado muito a questão de geração de emprego e renda na área rural. Acreditamos que se o jovem tiver uma atividade econômica que lhe ofereça renda e garantias, dificilmente ele vai largar o campo para ir para cidade” disse o extensionista rural Gerlan Teixeira Fonseca, que é coordenador do Programa Juventude Rural.

Dos 6,5 milhões contabilizados pelo IBGE, mais de 37% completaram o ensino médio e, deste total, apenas 6,5% concluíram o ensino superior. Isso significa que mais de 160 mil jovens são formados na faculdade.

“Mais de 50% da nossa juventude do campo tem uma boa escolaridade, porque também foi desenvolvido mais condições pra essa juventude poder estar estudando, quando foram criados vários programas voltado para a nossa juventude. Porém, estamos também com a dificuldade do fechamento das escolas do campo e nossa juventude hoje tem que sair, se deslocar um pouco pra poder ir até a cidade para poder estudar, então essa é ainda uma dificuldade que a gente vê no meio rural”, contou Mônica Bufon Augusto, secretária de Jovens da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

Tecnologia contra o êxodo

A tecnologia na agropecuária também influencia na diminuição do êxodo rural e traz oportunidades de emprego e renda para jovens que são da cidade. O produtor rural Antonio Francisco Júnior, por exemplo, fez um curso técnico para trabalhar no campo e seu interesse foi tão grande que, aos 25 anos abandonou a vida na cidade para se dedicar a uma nova atividade: a produção de hortaliças.

Ele arrendou uma chácara de dois hectares para a iniciar a plantação que hoje é o sustento da família. “Assim que eu terminei o ensino médio, entrei em um curso técnico e tive a oportunidade de ter mais contato com o campo e ver como funcionava. Resolvi, então, fazer uma faculdade de agronomia e, no final do ano, eu concluo o curso”, disse o produtor.

Os pais de Antônio não são agricultores e a família sempre morou na cidade. Agora, com essa mudança de vida, ele pretende levar os pais para a fazenda. “É bem mais lucrativo e saímos daquele estresse, pois aqui a gente lida com a natureza e, no meu caso, posso ser o meu próprio chefe”, disse.

Incentivo

A maior dificuldade encontrada pelo Antônio foi na hora de comercializar o seu produto. Com a assistência técnica recebida da Emater, hoje ele tem acesso as políticas públicas e consegue vender tanto para o mercado institucional como para o local. “A gente está investindo bastante em crédito rural, com linhas específicas de crédito para jovens, como o Prospera, Pronaf e o FDR”, lembra o extensionista Gerlan Teixeira

Mesmo com todas essas linhas de créditos disponíveis, o acesso às linhas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar ( Pronaf), voltadas ao público jovem tem sido uma grande dificuldade.

“A princípio, a gente teve uma dificuldade em acessar o crédito. Logo quando eu iniciei, a gente tentou o Pronaf, mas não obtivemos sucesso por causa de questões burocráticas. Há uns dois anos, a gente conseguiu pegar um financiamento Prospera, que é uma linha de crédito do governo distrital que deu uma alavancada na produção”, falou Antônio.

Desenvolvimento

Agora, a preocupação dos jovens é com o que acontece fora da porteira. Eles buscam mais capacitação para conseguir competir em um mercado cada vez mais disputado.

“Dentro da porteira, a gente consegue se desenvolver. Lá fora, no entanto, temos muita burocracia e um mercado agressivo. Tem produtores fortes e, com isso, o produtor pequeno enfrenta uma situação difícil. É de extrema importância que o jovem do campo tenha acesso a essas políticas públicas do governo, tanto de financiamento como de vendas e comercialização”, disse o produtor rural.

Para sobreviver aos obstáculos, o produtor dá a dica para quem quer migrar para o campo. “Temos que usar os conhecimentos da ciência, tecnologia e uma boa gestão na propriedade, porque não dá para olhar para a propriedade como uma chácara como faziam antigamente e sim como um empreendimento rural”, concluiu