Redução de área tende a sustentar preços do trigo

Baixa disponibilidade interna já tem gerado expectativa de bons preços pelo menos até o fim do primeiro semestre

Fonte: Divulgação/Pixabay

Apesar da desvalorização de 5,7% do dólar ante o real no início deste mês, os preços do trigo seguem em alta no mercado doméstico, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). Na região Sul, os valores tendem a se sustentar até abril, acompanhando o movimento sazonal desta época do ano.  

De 26 de fevereiro a 4 de março, no mercado de lotes (negociações entre empresas), houve alta de 2,5% no preço do trigo em grão em São Paulo, de 1,4% no Paraná e de 0,8% no Rio Grande do Sul, de acordo com o relatório semanal do Cepea. No mercado de balcão (preço pago ao produtor), o aumento foi de 0,5% no Rio Grande do Sul, enquanto no Paraná foi verificada estabilidade.  

Nos meses seguintes a abril, quando os dados oficiais de área a ser cultivada são divulgados, os valores costumam recuar. Mas em 2016, a baixa disponibilidade interna de trigo e a perspectiva de menor área cultivada com o cereal já tem gerado expectativa de sustentação dos preços pelo menos até o fim do primeiro semestre, segundo o Cepea. Em contrapartida, a queda do dólar pode favorecer as importações por moinhos brasileiros, que sinalizam interesse de adquirir volumes maiores.

Por ora, as importações brasileiras de trigo em fevereiro ficaram 1,3% abaixo do volume adquirido em janeiro, totalizando 373,632 mil toneladas, e 8,7% menores que as de fevereiro de 2015, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A Argentina voltou a ser o principal fornecedor do cereal, correspondendo a 59,6% do volume total importado pelo Brasil no mês passado; outros 19,7% vieram do Paraguai, 17,6% do Uruguai e 3,1%, dos Estados Unidos. 

Na Argentina, segundo o Cepea, a comercialização do cereal esteve aquecida na última semana, tanto no mercado doméstico quanto para exportação. Importadores estavam dispostos a pagar entre US$ 138/t e US$ 187/t, com entrega e pagamento entre abril e junho de 2016. A cotação oficial FOB porto de Buenos Aires, divulgada pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca, manteve-se estável, a US$ 193/t nos últimos sete dias. 

Farinhas

No mercado brasileiro de farinhas, as vendas ficaram abaixo da expectativa de moinhos, mas os preços ainda mantiveram relativa firmeza. Na semana de 29 de fevereiro a 4 de março, nas regiões acompanhadas pelo Cepea (PR, RS, SP, SC), as farinhas para panificação se valorizaram 1,24% em comparação à semana anterior; as para pré-mistura (cotadas em sacas de 25 kg), 0,48%, e as para bolacha salgada, 0,29%. Já os preços das farinhas para massas frescas tiveram leve baixa de 0,68% e para bolacha doce, de 0,28%. A cotação da farinha para massas em geral manteve-se estável.

Dados da Secex indicam que as importações de farinha cresceram 34,6% de janeiro para fevereiro, somando 24,833 mil. A maior parte do derivado também veio da Argentina, que enviou 22,351 mil toneladas ao Brasil no mês. Segundo colaboradores do centro, esse aumento pode estar relacionado à necessidade de mesclar farinhas importadas com nacionais para se atingir especificações de algumas indústrias.