O objetivo da medida, apoiada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), é impedir a reintrodução da praga cydia pomonella, a lagarta da maçã, já erradicada dos pomares brasileiros. Segundo Pérès, a praga continua presente nos principais centros produtores do mundo, como Argentina, Chile, Estados Unidos e alguns países da União Europeia.
O ministro Neri Geller entendeu as preocupações dos produtores de maçã e garantiu que, no menor espaço de tempo possível, deverá ser baixada Instrução Normativa ampliando as regras de controle sanitário para as frutas importadas pelo Brasil. O diretor-executivo da ABM, Moisés Albuquerque, disse que a principal preocupação está na “possibilidade de se perder investimentos feitos durante 15 anos para a erradicação da praga em consequência da falta de controle sanitário adequado na importação da maçã”. Segundo ele, com o embargo da Rússia às importações de frutas da União Europeia (UE) e a “excepcional safra colhida pelos europeus, certamente haverá excesso de oferta e o Brasil poderá importar a fruta de países onde a doença não está controlada”.
Prejuízos
Um estudo da ABM mostra que a reintrodução da cydia pomonella nos pomares brasileiros traria prejuízos incalculáveis ao setor. Haveria perda de frutos com qualidade para o consumo da população, levando ao reforço das aplicações de agroquímicos, além do possível fechamento do mercado internacional às importações de maçã brasileira. O controle da praga é difícil e de custo elevado, segundo os números apresentados ao Ministro Neri Geller pelos produtores e a CNA.
No ano passado, o Brasil importou 100 mil toneladas de maçã, especialmente da Argentina, Chile, Uruguai e Estados Unidos, além de países europeus. A grande preocupação dos produtores, segundo a CNA, está na possibilidade de a praga ser reintroduzida no país a partir da importação da maçã, o que geraria enormes prejuízos financeiros devido aos gastos dos produtores visando ao controle e à erradicação da doença. A maçã é a terceira fruta mais consumida pelos brasileiros, ficando abaixo apenas da banana e da laranja.
A produção de maçã no Brasil responde por 115 mil empregos diretos e indiretos, mantendo no campo 58 mil trabalhadores e uma área plantada de 38 mil hectares, concentrada, principalmente, em Santa Catarina. A produção interna está estimada em 1 milhão e 300 mil toneladas, segundo números de 2013. O controle da praga é complexo, lembrou Moisés Albuquerque, porque os “ovos são depositados isoladamente nos frutos e as larvas, quando recém-eclodidas, procuram um lugar por onde entrar no fruto: penetram na polpa e se alojam junto às sementes”.