Preço do milho para canjica pode chegar ao dobro do normal

Em tempos que o preço das commodities tradicionais não rendem o esperado, grão para fazer doce pode ser boa alternativa para melhorar rentabilidade

Fonte: IAPAR

A segunda safra brasileira de grãos tem o milho como principal protagonista. Entretanto a commodity também é uma das mais cultivadas no mundo e, em tempos de supersafras, é normal ver os preços caindo a patamares nada rentáveis. Uma alternativa para o milho tradicional, segundo pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), é o milho para canjica, que além de demanda, chega a pagar o dobro do valor do milho tradicional.

É provável que a maioria dos apreciadores dessa sobremesa tradicionalmente brasileira nem saibam, mas praticamente toda a canjica consumida no país provém da cultivar de milho branco – IPR 127 -, desenvolvida no programa de melhoramento genético do Iapar.

O trabalho para o desenvolvimento do material começou na década de 1990, e contou com a ajuda de extensionistas da Emater-PR no levantamento das demandas de produtores e indústrias farinheiras da região de Irati, no Centro-Sul do Paraná. Eles apontaram a necessidade de um produto que aliasse bom desempenho na lavoura com características culinárias que agradassem o consumidor final de canjica e fubá.

Um híbrido simples, a cultivar IPR 127 é indicada para plantio tanto na primeira como na segunda safra. Tem ciclo precoce e boa tolerância ao acamamento e ao quebramento do colmo. Os grãos, do tipo duro, são os preferidos desse segmento, e também são muito valorizados pelo alto rendimento no processamento, descreve o pesquisador Deoclécio Domingos Garbuglio.

No aspecto comercial, o milho branco pode alcançar um preço de venda até 100% superior ao grão amarelo. “Mas é um produto de nicho, então é importante que o agricultor interessado neste mercado tenha assegurado o comprador de sua produção antes mesmo de fazer o plantio”, explica o pesquisador.

O Iapar também apresentou no Show Rural Coopavel, uma opção de milho variedade, IPR 164, alternativa que vem atraindo os produtores em virtude do menor preço das sementes. Segundo Garbuglio, esse item pode chegar a 20% do custo de formação de uma lavoura, considerando o preço médio dos materiais disponíveis no mercado.

“É um diferencial significativo. Por isso, ainda que tenha potencial de produção menor que híbridos simples, geneticamente modificados ou não, a variedade pode ser mais vantajosa economicamente, especialmente na segunda safra”, avalia o pesquisador.

O milho variedade IPR 164 foi desenvolvido com foco em produtores interessados na formação de lavouras com baixo uso de tecnologia ou para plantios de risco, quando as condições climáticas não mais possibilitam aproveitar todo o potencial genético dos híbridos.

É um material que se destaca pelas características agronômicas favoráveis, principalmente a produtividade, considerada alta para um milho variedade. Tem moderada resistência às principais doenças da cultura, boa tolerância ao acamamento e ao quebramento e produz espigas com excelente empalhamento, conclui o pesquisador.