Preço do milho deve subir no primeiro semestre de 2018

O elevado estoque nos Estados Unidos, que força uma redução de área no país, e a diminuição da produção no Brasil são fatores que podem contribuir com a alta do cereal

Fonte: Pedro Revillion/Palácio Piratini

O ano de 2017 foi negativo no mercado brasileiro de milho, de cotações em queda, com grande produção. O câmbio e a Bolsa de Chicago (CBOT) em nada ajudaram. Mas 2018 pode trazer condições mais favoráveis para os produtores, com preços podendo reagir.

Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado, Paulo Molinari, no mercado internacional, a Bolsa de Chicago sofre com um estoque de milho de 62 milhões de toneladas nos Estados Unidos. “Com isso, o mercado local precisará de um corte de área plantada em 2018 no país, como forma de evitar um novo aumento de estoques para a safra 2018/2019”, aponta.

De acordo com ele, este seria um fator para os americanos diminuírem a área plantada com milho e gerar um movimento especulativo na bolsa internacional a partir de uma visão de potencial redução de estoques, o que daria sustentação às cotações.

Safra brasileira

No Brasil, com o dólar fortalecido contra o real, há perda de competitividade para o milho daqui. “O corte de plantio brasileiro no verão em 28%, definitivamente coloca o mercado em ponto especulativo no primeiro semestre”, afirma Molinari. Uma safra pequena de 24 milhões de toneladas, que fica abaixo do consumo do semestre de 30 milhões de toneladas, pode contribuir para preços firmes.

O analista ainda indica que, além da queda na área, o plantio da segunda safra no Brasil será mais tardio e, portanto, com maior risco frente a uma condição de clima. “O La Niña deverá durar todo o primeiro semestre de 2018. Isto traz o risco de corte de chuvas mais cedo e geadas em estados como o Paraná, Mato Grosso do Sul e Paraguai. Mas, boas chuvas no outono para o Mato Grosso e Goiás”, observa.

Para ele, este será um primeiro semestre especulativo por vários indicadores e podem surgir oportunidades para venda por parte dos produtores. “Assim, o primeiro semestre traz melhores chances de preços com uma safra menor”, disse.

Dólar

O câmbio em 2018 promete ser bastante volátil devido ao período eleitoral no Brasil. Uma eleição difícil que pode gerar muita volatilidade cambial. Neste ponto, oportunidades podem surgir para os produtores venderem a safra de forma melhor. Já para o segundo semestre,vai depender da situação do mercado americano, do clima para a safrinha e do câmbio.