Preço elevado do milho é 'improvável' no médio prazo, afirma Rabobank

Segundo o banco, que é um dos maiores ligados ao agronegócio no mundo, mercado internacional deve pressionar valores no país

Fonte: divulgação

Os elevados de preços de milho no mercado doméstico não devem se sustentar no médio prazo, avalia o Rabobank. Em relatório, analistas do banco apontam que apesar do grande número de variáveis que podem influenciar as cotações, “os riscos de queda parecem mais fundamentados, principalmente frente a uma elevação dos preços que vai contra a tendência sazonal histórica da cultura”.

Na avaliação do banco, a situação internacional do mercado de milho deve pressionar os valores no Brasil. “A possibilidade de aumentos nos estoques internacionais pode pressionar as cotações mundiais do cereal e refletir em um arrefecimento dos preços domésticos”, revela o relatório. Além disso, considerando um cenário econômico global pessimista, “o Rabobank entende que a viabilidade da manutenção das cotações de milho no Brasil em elevados níveis torna-se bastante improvável no médio prazo”.

Os preços internos começaram o ano com forte valorização, sustentada pelo ritmo acelerado de exportações. Nem mesmo a colheita da safra de verão tem sido suficiente para pressionar as cotações domésticas do milho. Apenas nos dois primeiros meses de 2016, o volume exportado pelo país já supera o acumulado de janeiro a agosto de 2015.

Os analistas do banco lembram que, ao mesmo tempo em que o dólar firme ante o real estimula os embarques do cereal, incentiva também a demanda interna por ração animal. 

Isso porque, segundo o banco, “a desvalorização do real frente ao dólar também vem favorecendo as exportações da indústria de proteína animal, principalmente aves e suínos”. O Rabobank estima que a demanda doméstica do cereal para a fabricação de ração em 2016 vai crescer 2%, para 42 milhões de toneladas.

O relatório mostra que apesar da intervenção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nos primeiros meses deste ano, com a oferta semanal de 500 mil toneladas de milho de estoques públicos, os preços continuam firmes.

“Ao que parece, o nervosismo a respeito da disponibilidade do cereal no mercado interno segue mais forte do que as ações até o momento realizadas”. 

Esses sinais de demanda firme apontam para um cenário de oferta apertada em 2015/2016. Segundo a Conab, os estoques finais da safra serão de 6,5 milhões de toneladas, 35% abaixo das 10 milhões de toneladas no ciclo anterior.

“Essa disponibilidade menor de milho encontra outro agravante que é a grande distância entre praças de produção e de demanda, o que encarece e muitas vezes inviabiliza a negociação entre os agentes, com consequente elevação dos preços”, pontua o relatório.

Os analistas ponderam, ainda, que a oferta de milho no Brasil depende da segunda safra, cuja produtividade está atrelada ao clima nos próximos meses. 

Apesar das preocupações, o banco atenta que “agências de monitoramento climático norte-americanas apontam que uma mudança no padrão dos ventos no Oceano Pacífico deverá alterar o deslocamento das águas mais quentes e atrasar entre quatro a seis semanas o fim do período das águas no Centro-Sul do Brasil, beneficiando as lavouras da segunda safra de milho no país”.