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Preço dos fertilizantes cai pela 1º vez no ano

Apesar disso, a relação de troca de soja por insumos está pior. Desde 2012 o produtor não gastava tanto para adquirir os produtos. Entenda o caso!

Foto: Central Agro/divulgação

Um dos principais insumos das lavouras do país, o fertilizante, registrou queda nas cotações pela primeira vez neste ano. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) a forte desvalorização de 8,3% do dólar frente ao Real em outubro pressionou os valores do produto negociados nas principais regiões produtoras de grãos do Cerrado e do Sul do Brasil.

Segundo a entidade, até então, os fertilizantes vinham registrando consecutivas valorizações, atreladas à greve de caminhoneiros, ao tabelamento dos fretes, à alta do dólar no período eleitoral (o câmbio chegou a ser negociado a R$ 4,10 em setembro de 2018) e ao aumento das principais matérias- -primas no mercado externo. Nesse sentido, apesar da queda pontual em outubro, os preços médios de insumos agrícolas estão bem acima dos observados no mesmo mês de 2017.

Em Sorriso (MT), os preços médios da tonelada do MAP (Mono-Amônio Fosfato), foi vendido em outubro a R$ 2.448,9 por tonelada, queda de 7,4% frente aos R$ 2.644,1 por tonelada de setembro. Entretanto o valor ainda está bem acima de 2017, com 41,1%. Em Luís Eduardo Magalhães (BA), o preço médio em outubro foi de R$ 2.268,3 por tonelada, desvalorização de 7,9% frente ao mês anterior, mas ainda continua 37,7% mais caro que o de outubro de 2017.

Em Cascavel (PR) e em Passo Fundo (RS), os preços médios do MAP chegaram a R$ 2.440 e de R$ 2.273,3 por tonelada, respectivamente, ligeiras baixas de 0,6% e de 1,8%, em relação ao mês anterior. A média do MAP de outubro de 2018 em Cascavel, no entanto, está 41,4% acima da observada no mesmo mês de 2017 e 29,9% mais alta em Passo Fundo.

Cloreto de potássio

Os preços médios insumo em Sorriso atingiram de R$ 2.039 por tonelada. Em Luís Eduardo Magalhães foi de R$ 1.883,5 por tonelada. Recuos de 6,8% e de 6,1%, respectivamente, em relação aos de setembro. Porém, essas médias estão, respectivamente, 32,3% e 45,4%, superiores às de outubro de 2017.

O preço médio da tonelada do produto foi de R$ 1.813,5 em Cascavel em outubro, 6,8% menor que no mês anterior. Em Passo Fundo, a média foi de R$ 1.818,3 por tonelada, leve queda de 0,5% na mesma comparação. Contudo, o insumo nas duas praças está 29,9% mais caro que em outubro de 2017.

Uréia granulada

A ureia granulada foi negociada em média a R$ 2.032 por tonelada em Sorriso, sem alteração em relação ao mês anterior, mas 27,7% acima de 2017. Em Luís Eduardo Magalhães, o mesmo nitrogenado foi cotado a R$ 1.899 por tonelada em outubro, leve queda de 0,5% em relação mês anterior, mas 34,6% superior à média de outubro do ano passado.

Já o preço médio da ureia em outubro registrou altas de 2,6% em Cascavel e de 0,3% em Passo Fundo em relação ao mês anterior, negociada a R$ 1.911 e a R$ 1.741 por tonelada, respectivamente. Essas médias superam em 37,2% e em 24,5%, respectivamente, as verificadas em outubro de 2017 em Cascavel e em Passo Fundo.

Relação de troca piora

Os elevados patamares dos preços dos principais insumos para grãos desfavorecem a relação de troca de agricultores da maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea. No caso do fertilizante, a maior necessidade de saca de soja para comprar uma tonelada de adubo indica sinais de atenção para a safra 2019/2020, uma vez que esse insumo é um dos principais na composição de custo de grãos.

O fortalecimento da moeda nacional e a queda do prêmio exportação do grão reduziram o preço da saca de soja, o que, por sua vez, esfriou as negociações de compra dos fertilizantes nas principais praças neste fim de ano. O menor poder de compra do produtor implica na reorganização dos fatores de produção, ajustando o planejamento da safra com os consultores e reduzindo os desperdícios.

Em outubro de 18, para a compra de uma tonelada de MAP, o produtor de Sorriso precisou de 38,1 sacas de 60 kg de soja, contra 29,7 sacas em outubro de 17, ou seja, uma diferença de 8,4 sacas. Para a aquisição do KCl, o produtor precisaria de 31,7 sacas em outubro de 18, sendo que, em 2017, necessitou de apenas 26,4 sacas.

Em Luís Eduardo Magalhães para comprar uma uma tonelada de MAP e KCl os produtores precisaram, respectivamente, de 34,5 sacas e de 28,6 sacas de soja, contra 25,1 sacas e 19,8 sacas no mesmo mês de 2017. A necessidade de mais soja para adquirir uma tonelada os insumos indica que estas são as maiores relações de troca desde fevereiro de 2012.

No Sul, em Cascavel, o produtor precisou de 32,1 sacas de soja para a compra de uma tonelada de MAP, enquanto que, no mesmo mês do ano passado, necessitou de 25,5 sacas. Para a compra do KCL e da Ureia, as quantidades de saca de soja seriam, respectivamente, de 23,8 e 25,1 em outubro de 2018, contra 20,7 e 20,6 no mesmo mês de 2017.

Em Passo Fundo, o produtor necessitou de 29,4 sacas de soja para adquirir uma tonelada de MAP, de 23,5 sacas para KCl e de 22,5 sacas para Ureia em outubro deste ano, contra, respectivamente, 26,2 sacas, 21 sacas e 20,9 sacas em outubro/17.