Força-tarefa encontra três novos focos de peste suína no Ceará

Casos foram encontrados em pequenas propriedades cujos produtores criam suínos para subsistência ou para pequenas vendas

Foto: Idaf-ES

Uma força-tarefa montada por autoridades sanitárias do Ceará encontrou mais três novos focos de peste suína clássica (PSC) no estado. Os casos foram em Groaíras, Santa Quitéria e Forquilha. Até o momento, o Ceará possui quatro registros da doença. O primeiro caso foi encontrado em agosto no distrito de Mulungu, em Forquilha, que fica a 215 quilômetros de Fortaleza.

O grupo de 20 técnicos continua realizando inspeções nas propriedades e em feiras livres que ficam em um raio de três quilômetros a partir dos focos. De acordo com o diretor de Sanidade Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri), Amorim Sobreira, a principal preocupação é impedir o trânsito de animais para que o vírus não se propague.

Os quatro focos foram encontrados em pequenas propriedades cujos produtores criam suínos para subsistência ou para pequenas vendas, mas não implementam medidas de biosseguridade, como a inspeção frequente de um veterinário, a alimentação adequada dos animais e a comercialização com guia de trânsito animal, que permite o rastreio de animais doentes, por exemplo. Segundo o diretor, nenhuma propriedade tinha cadastro na Adagri como produtora de suínos.

Mapa da região onde foi encontrado o foco de peste suína clássica. Foto: Adagri

“Os pequenos produtores comercializam suínos de maneira que o estado não fica sabendo. O foco deles são as feiras, onde a venda acontece sem o exame prévio por um veterinário. Às vezes o animal está doente, vai para uma propriedade limpa e o vírus se propaga. É uma dificuldade cultural”, comentou.

A dificuldade de controlar a origem e o trânsito de suínos contribui para que o Ceará não faça parte da zona livre de peste suína clássica. Esse status, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), é formado pelo Distrito Federal e pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Tocantis, Rondônia e Acre.

Visitas

Desde que o primeiro foco foi encontrado, em agosto, os técnicos da Adagri já visitaram cerca de 150 propriedades, onde os produtores são cadastrados e os animais farão parte de um censo.

Um dos objetivos da força-tarefa é também descobrir a origem do vírus, pois a doença foi descoberta a partir da notificação de um produtor. É por meio desse aviso que a agência começa a atuar, disse o diretor.

“Pode ser que o vírus estivesse já na região, mas não era notificado. Na conversa com o produtor que nos notificou, ele falou de um outro produtor para quem vendeu um animal onde também houve mortes de animais. A partir daí, fomos procurando novas ocorrências”, disse Sobreira.

Por haver muitos pequenos produtores de suínos no Ceará, o diretor explica que é difícil manter uma vigilância ativa de todas as propriedades, mas que trabalha em parceria com as prefeituras dos municípios para que as informações sobre possíveis doenças cheguem à agência. Ele também ressalta que esses produtores podem ter acesso à assistência técnica gratuita para implementar medidas de biosseguridade.

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), não há risco de o vírus da peste suína clássica se propagar para a zona livre pelo fato de o Ceará não ser um grande produtor de carne suína nem manter fluxo comercial com os estados do Sudeste, Centro-Oeste e Sul ou realizar exportação desse produto. Segundo o Ministério da Agricultura, a zona livre concentra mais de 95% de toda a suinocultura brasileira.

A peste suína clássica não atinge humanos, mas causa prejuízos para os produtores, pois os suínos precisam ser sacrificados para que o vírus, que é contagioso e causa alta mortalidade entre os suínos, não chegue a animais sadios.