Peixes

Embrapa cria sensor capaz de medir qualidade da água sem usar químicos

Feito sob medida para os aquicultores, o aparelho gera resultados mais precisos do que os obtidos por métodos tradicionais utilizados nos laboratórios

Criação de peixes
O projeto é fruto de uma das ações de pesquisa do BRS Aqua, maior projeto científico em aquicultura/ Foto: Agência IBGE Notícias

Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, em parceria com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, campus Salto (IFSP), desenvolveram um sensor capaz de medir parâmetros de qualidade da água como clorofila, oxigênio dissolvido e turbidez, sem a necessidade de reagentes químicos, o que o torna mais sustentável e econômico. Trata-se de um equipamento optoeletrônico de última geração, baixo custo, fácil manutenção e tamanho reduzido, capaz de ser acoplado futuramente a drones.

Feito sob medida para os aquicultores brasileiros, o aparelho gera resultados mais precisos do que os obtidos por métodos tradicionais utilizados nos laboratórios para detecção analítica de compostos químicos. A tecnologia é fruto de uma das ações de pesquisa do BRS Aqua, o maior projeto científico em aquicultura do Brasil, com mais de 50 parceiros públicos e 11 empresas privadas.

Como funciona 

De acordo com a Embrapa, o sistema é dotado de sondas ópticas de imersão que medem 1 cm de comprimento por 2,5 cm de diâmetro, pesando cerca de 300 gramas. Além da portabilidade, o equipamento é de fácil operação.

Sensores opto eletrônicos presentes na sonda conseguem captar ondas de luz de diferentes comprimentos e, assim, detectam e quantificam a clorofila presente na água mesmo em baixas concentrações. Resultados similares poderiam ser obtidos em laboratório com um equipamento denominado fluorímetro, porém, o custo maior, a fragilidade do sistema óptico e as grandes dimensões do aparelho inviabilizariam o seu uso em áreas aquícolas.

Segundo o pesquisador da Embrapa Luiz Eduardo Vicente, por ser óptico, o sensor dispensa a necessidade de reagentes ou eletroquímicos. Isso o torna uma alternativa interessante aos sensores tradicionais, como as sondas multiparâmetros, que têm custos mais elevados de aquisição e manutenção.

“Nosso sensor foi desenvolvido a partir de métodos medição de ondas de luz para auxiliar os piscicultores na análise da qualidade da água com mais economia e eficiência. Em termos simples: utilizamos a luz e sua relação com os parâmetros da qualidade da água, clorofila, por exemplo, para medirmos a nossa amostra, sendo que conseguimos baratear e tornar o processo mais acessível por meio da utilização de microssensores opto eletrônicos aprimorados”, detalha.

Protótipo já mede a clorofila na água Vicente explica que já existe um protótipo pronto, testado, validado e apto a medir a clorofila, que é um dos parâmetros de qualidade da água mais importantes para o aquicultor. Além de essa medição ser uma exigência do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) para avaliação do impacto ambiental da atividade, ela é fundamental ao manejo da piscicultura. Uma grande quantidade de clorofila pode significar maior presença de algas ou cianobactérias, as quais podem prejudicar a saúde dos peixes e causar prejuízos econômicos aos piscicultores. Ademais, o aumento de algas e consequentemente de clorofila pode estar associado a fatores contaminantes como a presença de esgoto na água.

Mercado

O pesquisador prevê que, em breve, o equipamento estará disponível no mercado, com uso em diferentes plataformas de coleta. “Graças ao seu tamanho e peso reduzidos, está em nosso planejamento a utilização do sensor em drones. Ainda estamos aprimorando os métodos de coleta, mas basicamente o drone colocaria o sensor em contato com a água em voo baixo por pouco segundos e iria para outro ponto”, planeja o cientista. Atualmente, o sensor pode ser usado por parceiros e colaboradores do projeto. Após a sua finalização, a tecnologia estará disponível para empresas interessadas em produzi-lo e comercializá-lo.

Vicente acredita que o novo sensor será bem recebido pelos aquicultores, já que os custos para a realização de medidas de clorofila por métodos químico-destrutivos tradicionais são extremamente elevados para o produtor e para os órgãos de fiscalização. Pode chegar a mais de R$ 100,00 por amostra para apenas um parâmetro como a clorofila, o que restringe seu uso.

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