Manejo de pastagens em áreas de arroz diminui o tempo de engorda do boi

Com o sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) os animais atingiram cerca de 310 quilos até um ano de idade e 450 quilos em torno de 18 a 24 meses; em sistemas convencionais, a média é de 200 quilos neste mesmo período

Fonte: Fernando Carvalho/Arquivo Pessoal

Uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa Clima Temperado indicou que o manejo de pastagens em áreas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) pode aumentar expressivamente o ganho de peso dos animais.

O estudo, que tem sido realizado desde 2014 na fazenda do produtor rural Cláudio Silva, em Santa Vitória do Palmar (RS), revelou que na propriedade rural os animais atingiram cerca de 310 quilos até um ano de idade e 450 quilos em torno de 18 a 24 meses. Em sistemas convencionais, a média é de 200 quilos neste mesmo período. “O ganho de peso vivo gira na média de 500 quilos por hectare. No sistema convencional a média é de 150 quilos por hectare”, explicou.

Basicamente, a estratégia consiste na adubação das pastagens e do campo nativo, no ajuste de carga animal e na ressemeadura natural do azevém e das demais leguminosas para rotação com as lavouras após fim do ciclo médio de quatro anos. Segundo o pesquisador da Embrapa Jamir Silva, responsável pelo trabalho, a recuperação do solo na fase de pastagens estrutura melhor a área para, posteriormente, receber as lavouras. “A gente defende que a adubação seja de sistema e que venha para o solo na fase de pastagem”, afirma.

Outro benefício relatado pelos pesquisadores foi a possibilidade de diminuição de 50% no uso de fertilizantes para o restabelecimento das lavouras de arroz na mesma área. A redução de insumos, se atingir os 50%, pode resultar em uma economia de cerca de R$ 600 por hectare. Isso, se somado ao plantio de arroz convencional, que utiliza herbicidas com menor fitotoxidade às pastagens, e ao plantio direto, que causa menos impacto no solo, pode ainda agregar valor ao produto final por meio de certificação nacional de sustentabilidade.

Uma das orientações-chave do trabalho é saber quando colocar os animais nas pastagens e qual a carga animal por área. É importante, por exemplo, colocar os animais mais jovens na melhor alternativa alimentar existente nas propriedades – nas melhores pastagens –, tendo em vista o menor consumo com maior ganho em peso vivo. Já os animais mais velhos, prontos para a comercialização, devem ser colocados junto às áreas de pastagens mais antigas, com complementação de grãos.

Desde o início do trabalho o produtor destinou apenas cinco hectares à experiência. Mas, devido aos bons resultados, destina hoje 140 dos 460 hectares da propriedade às pastagens – azevém, trevo-branco e cornichão – para criação de gado de corte. O restante é dedicado ao campo nativo. “A intenção é aumentar mais 60 hectares no ano que vem, chegando a 200 hectares dedicados às pastagens”, disse.