Grãos: redução na safra é insuficiente para causar impacto de preço do varejo, diz IBGE

A estimativa para a produção nacional de grãos em 2018 é de 228,1 milhões de toneladas, a segunda maior safra da série histórica

Fonte: Ivan Bueno/APPA

A safra nacional de grãos deste ano será 12,5 milhões de toneladas menor do que a colhida em 2017. A diferença, porém, não é relevante para justificar um aumento nos preços dos alimentos no varejo, avaliou Carlos Barradas, gerente na Coordenação de Agropecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A estimativa para a produção nacional de grãos em 2018 é de 228,1 milhões de toneladas, a segunda maior safra da série histórica. Os dados são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de maio.

“Apesar da queda em relação ao ano anterior, essa é a segunda maior informação de produção do Brasil. Então a gente pode considerar uma safra muito boa em termos de produção agrícola. É que ficamos mal acostumados porque a produção do ano anterior foi excelente”, lembrou Barradas.

Em maio, houve melhora nas previsões para a produção de algodão herbáceo (aumento de 4,5% em relação a abril), café canephora (4,1%), café arábica (2,9%), milho 1ª safra (0,2%) e soja (0,1%). As estimativas foram revisadas para baixo no feijão 1ª safra (-0,2%), milho 2ª safra (-3,4%), feijão 3ª safra (-4,5%) e feijão 2ª safra (-5,1%).

A estimativa da produção de algodão ficou em 4,7 milhões de toneladas. Em relação a abril, os maiores aumentos foram em Mato Grosso (144,7 mil toneladas) e na Bahia (57,5 mil toneladas).

Em Mato Grosso, a estimativa da produção foi de 3,1 milhões de toneladas (aumento de 4,9% em relação a abril) e área plantada de 765,2 mil hectares (aumento de 5,2%). Já o rendimento médio encolheu 0,3%.

Na Bahia, a estimativa da produção foi de 1,1 milhão de toneladas, aumento de 5,7% em relação ao mês anterior. A área plantada cresceu 1,6%, totalizando 264,2 mil hectares, e o rendimento médio subiu 4,0%, beneficiado pelo clima favorável às lavouras no oeste do Estado.

Café

A produção nacional de café deve ser recorde em 2018, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, divulgado pelo IBGE. A colheita esperada é de 3,4 milhões de toneladas, ou 57,1 milhões de sacas de 60 kg, um aumento de 3,2% em relação à estimativa de abril. O rendimento médio aumentou 3,3% em maio, em decorrência do clima favorável.

A estimativa da produção do café arábica totalizou 2,6 milhões de toneladas, ou 43,4 milhões de sacas de 60 kg, 2,9% a mais que a do mês anterior, com avanço de 3,2% no rendimento médio.

Para o café canephora (conillon), a estimativa da produção foi de 822,0 mil toneladas, ou 13,7 milhões de sacas de 60 kg, um aumento de 4,1% em relação ao mês anterior. A área plantada cresceu 0,8% ante abril, e a área colhida teve aumento de 0,7%. O rendimento médio subiu 3,3%. O destaque foi a Bahia, que elevou sua estimativa da produção para 117 mil toneladas (1,9 milhão de sacas), alta de 38,2% em relação a abril. O rendimento médio teve aumento de 29,5%, com 2.438 kg/há, puxado pela abundância e boa distribuição das chuvas.

“A produção de café é recorde na série histórica do IBGE, tanto para arábica quanto para o conillon. Esse ano é o de bienalidade positiva; é um ano que se esperava que o café (arábica) produzisse bastante. E o clima tem beneficiado as lavouras. Houve recuperação importante da produção do Espírito Santo, depois de três anos de seca”, lembrou Carlos Barradas, gerente na Coordenação de Agropecuária do IBGE.

Soja

A estimativa para a produção também recorde de soja subiu a 115,8 milhões de toneladas em maio, 0,1% a mais que a do mês anterior. Houve atualização das estimativas de Mato Grosso (+0,7% ou 220,3 mil toneladas, para 31,4 milhões de toneladas), Goiás (+0,1% ou 7,0 mil toneladas, para 11,7 milhões de toneladas) e Tocantins (-3,5% ou 92,5 mil toneladas, para 2,6 milhões de toneladas).

Em relação a 2017, a produção brasileira de soja cresceu 0,7%, em decorrência da área plantada, que aumentou 2,6%. Ao todo, foram cultivados 34,8 milhões de hectares, o que representa 56,9% de toda a área cultivada com cereais, leguminosas e oleaginosas do País.

“A gente caminha para ser no futuro o maior produtor de soja do mundo. Nos próximos dois ou três anos a expectativa é que o Brasil consiga passar a produção americana, atualmente o maior produtor. Nós somos o maior exportador”, apontou Barradas. “Normalmente, as chuvas começam em setembro. Demorou um pouco mais no ano passado, começaram em outubro, mas vieram em grande intensidade. E possibilitou o recorde de produção. E teve aumento da área plantada de soja. Não batemos o rendimento médio de soja do ano passado, mas a área plantada ajudou a aumentar a produção”, justificou Barradas.