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ExpoZebu promove primeiros registros de animais da raça punganur

Conhecidos por não passarem de 1 metro de altura, os pequenos zebuínos ainda não foram estudados no Brasil

Foto: Fábio Santos/Canal Rural

Foram realizados nesta quinta-feira, dia 2, durante a Expozebu, os primeiros registros da raça punganur, um minigado que foi trazido da índia na década de 1960 e que, até o momento, não havia se desenvolvido em solo brasileiro.

O punganur possui formato de cabeça e rusticidade semelhantes ao nelore, porém não costuma passar de 1 metro de altura. Com este procedimento de registro, será possível iniciar um trabalho de melhoramento genético da raça, para que ela possa evoluir nos próximos anos.

O procedimento de registro seguiu as regras já estabelecidas e, por isso, neste primeiro momento os animais são registrados como PA (puro em avaliação), ou seja, um grupo genético em verificação até a formação de um efetivo considerável.

“Estamos falando de mais um momento histórico e muito importante nessa grande edição da ExpoZebu. O Punganur também é uma raça zebuína e, mesmo que de forma mais tímida, está presente no Brasil. Nada mais justo e importante que nós, como a maior entidade das raças zebuínas no país, também trabalhemos para a preservação dessa raça”, ressalta Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).

O primeiro animal a receber o registro foi o touro Gigante, da Fazenda Arataú, no Pará.  Carlos Lerner Gonçalves, proprietário do animal, percorreu mais de 3 mil quilômetros até Uberaba para participar deste momento. “Estou muito feliz com este registro, pois é uma batalha de mais de 10 anos até que o a ABCZ conseguisse o aval do Ministério da Agricultura.

Segundo ele, o animal é criado sem ambições econômicas, mas destaca que há muito a se desenvolver tanto na produção de leite como na de carne. “Usamos como lazer, pois para quem tem filhos e netos é uma alegria muito grande ter um zebu da estatura do punganur. Por outro lado, sabemos que na Índia ele é utilizado para tirar leite e produz uma média satisfatória pela estatura dele e, na parte de corte, eu já provei e garanto que ele tem uma carne muito diferente do que os outros animais, com uma gordura com menos ranço e um sabor incomparável”, contou.

Primeira fêmea da raça foi marcada pelo presidente da ABCA, Arnaldo Manuel de Souza Machado. Foto: Fábio Santos/Canal Rural

A primeira fêmea registrada foi a Josaphian, do proprietário Arlindo José Almeida Drummond, criador da raça há 40 anos. “Eu tenho dois lotes com 50 vacas em cada e o que posso dizer é que o leite é de boa qualidade, com 8% de gordura e com uma produção expressiva”, disse.

Arlindo Drummond ao lado de um touro da raça Punganur em meados da década de 1990. Foto: Maximiliano Drummon Empreendimentos/Divulgação

A expectativa de Arlindo agora é que a raça possa se expandir e chegar a mais fazendas pelo Brasil.

O registro da raça, com objetivo de preservação, foi aprovado durante reunião do Conselho Deliberativo Técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, e autorizado oficialmente pelo Ministério da Agricultura.

O que se saber sobre o punganur

Por ser uma raça sem registro oficial, não há muitas informações sobre as características comerciais do minigado. De acordo com Thinoco Francisco Sobrinho, jurado e técnico da ABCZ há mais de 40 anos e que teve a incumbência de participar deste registro, a raça está espalhada pelo Brasil em pequenos rebanhos.

“O punganur veio durante a última importação legal da Índia. Ele chegou e ficou espalhado pelo país. É uma raça visivelmente zebuína, mas como não existe seleção genética ou fenotípica, não há registros das características dela”, falou.Como o animal veio na mesma leva que animais grandes como nelore, guzerá e sindi. A raça menor veio apenas como curiosidade e sem muitas ambições comerciais.

O técnico da ABCZ, Thinoco Francisco Sobrinho acompanha os primeiros registros da raça no Basil. Foto: Fábio Santos/Canal Rural

Segundo Thinoco, após esse primeiro registro, os proprietários devem procurar a ABCZ para que se possa fazer uma observação da raça. O experiente técnico relembra que já participou de pelo menos três raças zebuínas no Brasil: nelore mocho, tabapuã e gir mocho.

“O conselho técnico da ABCZ  vai analisar, fazer um regulamento e definir o padrão da raça, como pelagem, tamanho e características principais. Mas está tudo no início e até o fechamento do livro é possível que demore cerca de 15 anos. Mas o importante é que demos este pontapé”.

Uma das poucas características já conhecidas do punganur é de que o gene que o torna pequeno é dominante. Ou seja, no cruzamento com animais maiores, o bezerro será um minigado.