Falta de armazéns para estocagem de milho preocupa produtor

Até o momento 47,52% dos grãos, de uma área total de 3,2 milhões de hectares semeados, foram colhidos

Fonte: Divulgação/Pixabay

A falta de armazéns para estocar milho já preocupa produtores de Mato Grosso, segundo dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea-MT), até o momento, 47,52% dos grãos, de uma área total de 3,2 milhões de hectares semeados, foram colhidos. O risco é que o problema aumente em proporção com a colheita.

Em Sorriso e Nova Mutum, na região norte, o milho já está a céu aberto. No oeste, o avanço da colheita deve refletir na armazenagem. – Por aqui colhemos cerca de 40% e ainda não temos problemas, mas, com o decorrer da colheita, essa situação tende a ser preocupante. Não temos milho a céu aberto, mas um caminhão, por exemplo, tem ficado um dia inteiro na fila para descarregar no armazém da trading, e, com isso todo processo de colheita vai ficando lento – alerta Altemar Kroling, produtor e delegado coordenador da Associação de Produtores de Soja e Milho (Aprosoja)  em Diamantino.

Já o produtor de Nova Mutum, Claudecir Cenedese, reconhece que há produtores que assinaram contratos com tradings para que o grão seja recolhido a partir de agosto. Ainda assim, tem tentado negociações amigáveis. “Alguns não se atentaram aos contratos, que são a partir de 15 de agosto, por exemplo. As empresas, por outro lado, alegam que os problemas são nossos portos, hoje ocupados para o escoamento de soja, de forma que neste momento é possível apenas escoar para o mercado interno. Mas estamos conversando, ligando para corretoras, fazendo uma pressão no sentido de tentar solucionar de uma maneira amistosa estes entraves”, diz.

Fatores

Para o produtor e delegado coordenador da Aprosoja em Sorriso, Rodrigo Pozzobon, alguns fatores influenciaram e continuam influenciando o problema do armazenamento do milho em Mato Grosso.

–A greve dos caminhoneiros, em maio deste ano, atrapalhou os embarques de soja, e como, reflexo, atrapalharam também os de milho, sendo que ainda há soja estocada aqui em Sorriso. Além disso, apesar de termos aumentado a produtividade das lavouras, o crescimento da capacidade de armazenagem não acompanhou esse crescimento na mesma proporção, apesar de existirem soluções paliativas, como os silosbag –diz Pozzobon.

O vice-presidente Leste da Aprosoja, Endrigo Dalcin, destaca um problema crítico, que precisa de atenção e solução: a necessidade de conclusão das obras de escoamento dos portos do Arco Norte.

–É importante que seja dado prioridade à conclusão das obras de escoamento da produção pelos chamados portos do Arco Norte, como as obras da BR-163, como forma de viabilizar o escoamento desta produção que Mato Grosso tem gerado e aumentando o superávit da balança comercial brasileira. Se o milho de Mato Grosso perde qualidade e deixa de ser exportado, o produtor perde renda e o Brasil também perde, pois deixa de garantir parte dos dólares que a agricultura brasileira vem proporcionando ao país nos últimos anos –.